Texto de História do 7° Ano. 2015
Professor
Francisco Eudo Lima Ribeiro
O feudalismo
tem suas origens no século IV a partir das invasões germânicas (bárbaras) ao
Império Romano do Ocidente (Europa).
Com a
decadência e a destruição do Império Romano do Ocidente, por volta do século V
d.C. (Fim da antiguidade 476 d.c.), em decorrência das inúmeras invasões dos
povos bárbaros e das péssimas políticas econômicas dos imperadores romanos,
várias regiões da Europa passaram a apresentar baixa densidade populacional e ínfimo
desenvolvimento urbano.
O
esfacelamento do Império Romano do Ocidente e as invasões bárbaras, ocorridas
em diversas regiões da Europa, favoreceram sensivelmente as mudanças econômicas
e sociais que vão sendo introduzidas e que alteraram completamente o sistema de
propriedade e de produção característicos da Antiguidade principalmente na
Europa Ocidental. Essas mudanças acabam revelando um novo sistema econômico,
político e social que veio a se chamar Feudalismo. O Feudalismo não coincide
com o início da Idade Média (século V d.C.), porque este sistema começa a ser
delineado alguns séculos antes do início dessa etapa histórica (mais
precisamente, durante o início do século IV), consolidando-se definitivamente
ao término do Império Carolíngio, no século IX d.C .
Em suma, com a
decadência do Império Romano e as invasões bárbaras, os nobres romanos
começaram a se afastar das cidades levando consigo camponeses (com medo de
serem saqueados ou escravizados). Já na Idade Média, com vários povos bárbaros
dominando a Europa Medieval, foi impossível unirem-se entre si e entre os
descendentes de nobres romanos, que eram donos de pequenos agrupamentos de
terra. E com as reformas culturais ocorridas nesse meio-tempo, começou a surgir
uma nova organização econômica e política: o feudalismo.
As
características gerais do feudalismo são: poder descentralizado, economia
baseada na agricultura de subsistência, trabalho servil e economia amonetária e
sem comércio, onde predomina a troca (escambo).
A sociedade
feudal era composta por três estamentos (mesmo que grupos sociais com status
praticamente fixo, não se pode dizer que a mudança de classe social não
existia, pois alguns camponeses tornavam-se padres e passavam a integrar o
baixo clero, por exemplo, mas essa mudança era rara e um servo dificilmente
ascenderia à outra posição): os Nobres (guerreiros, bellatores), o Clero
(religiosos, oratores), e os servos (mão de obra, laboratores). O que
determinava o status social era o nascimento. Havia também a relação de
suserania entre os Nobres, onde um nobre (suserano) doa um feudo para um outro
nobre (vassalo). Apresentava pouca ascensão social e quase não existia
mobilidade social (a Igreja foi uma forma de promoção de mobilidade).
O clero tinha
como função oficial rezar. Na prática, exercia grande poder político sobre uma
sociedade bastante religiosa, onde o conceito de separação entre a religião e a
política era desconhecido. Mantinham a ordem da sociedade evitando, por meio de
persuasão e criação de justificativas religiosas, revoltas e contratações
camponesas .
A nobreza
(também chamados de senhores feudais) tinha como principal função a de
guerrear, além de exercer considerável poder político sobre as demais classes.
O Rei lhes cedia terras e estes lhe juravam ajuda militar (relações de
suserania e vassalagem).
Os servos da
gleba constituíam a maior parte da população camponesa: estavam presos à terra,
sofriam intensa exploração, eram obrigados a prestarem serviços à nobreza e a
pagar-lhes diversos tributos em troca da permissão de uso da terra e de
proteção militar. Embora geralmente se considere que a vida dos camponeses
fosse miserável, a palavra "escravo" seria imprópria. Para receberem
direito à moradia nas terras de seus senhores, juravam-lhe fidelidade e
trabalho. Por sua vez, os nobres, para obterem a posse do feudo faziam o mesmo
juramento aos reis.
Os Vassalos
oferecem ao senhor ou suserano, fidelidade e trabalho em troca de proteção e um
lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem estendiam-se por várias
regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso. Produção feudal própria do
Ocidente europeu tinha por base a economia agrária, de escassa circulação
monetária, auto-suficiente. A propriedade feudal pertencia a uma camada
privilegiada, composta pelos senhores feudais, altos dignitários da Igreja, (o
clero) e longínquos descendentes dos chefes tribais germânicos. As estimativas
de renda per capita da Europa feudal a colocam em um nível muito próximo ao mínimo
de subsistência.
A principal
unidade econômica de produção era o feudo, que se dividia em três partes
distintas: a propriedade individual do senhor, chamada manso senhorial ou
domínio, em cujo interior se erigia um castelo fortificado; o manso servil, que
correspondia à porção de terras arrendadas aos camponeses e era dividido em
lotes denominados tenências; e ainda o manso comunal, constituído por terras
coletivas - pastos e bosques -, usadas tanto pelo senhor quanto pelos servos .
Devido ao
caráter expropriador do sistema feudal, o servo não se sentia estimulado a
aumentar a produção com inovações tecnológicas, uma vez que tudo que produzia
de excedente era tomado pelo senhor. Por isso, o desenvolvimento técnico foi
pequeno, limitando aumentos de produtividade. A principal técnica adaptada foi
a de rotação trienal de culturas, que evitava o esgotamento do solo, mantendo a
fertilidade da terra.
Para o
economista anarco-capitalista Hans Hermann Hoppe, como os feudos são
supostamente propriedade do Estado (neste caso, representado pelos senhores
feudais), o feudalismo é, consequentemente, considerado por ele como sendo uma
forma de manifestação socialista - o socialismo aristocrático (servismo).
Tributos e
impostos
As principais
obrigações dos servos consistiam em :
Corveia:
trabalho compulsório nas terras do senhor (manso senhorial) em alguns dias da
semana;
Talha: parte
da produção do servo deveria ser entregue ao nobre, geralmente um terço da
produção;
Banalidade:
tributo cobrado pelo uso de instrumentos ou bens do feudo, como o moinho, o
forno, o celeiro, as pontes e estradas;
Capitação:
imposto pago por cada membro da família (por cabeça);
Tostão de
Pedro ou dízimo: 10% da produção do servo era pago à Igreja, utilizado para a
manutenção da capela local;
Censo: tributo
que os vilões (pessoas livres, vila) deviam pagar, em dinheiro, para a nobreza;
Taxa de
Justiça: os servos e os vilões deviam pagar para serem julgados no tribunal do
nobre;
Formariage:
quando o nobre resolvia se casar, todo servo era obrigado a pagar uma taxa para
ajudar no casamento, regra também válida para quando um parente do nobre iria
casar. Todo casamento que ocorresse entre servos deveria ser aceito pelo
suserano. No sul da França, especificamente, o Senhor poderia ou não determinar
que a noite de núpcias de uma serva seria para o usufruto dele próprio e não do
marido oficial. Tal fato era incomum no restante da Europa, pois a igreja o
combatia com veemência;
Mão Morta: era
o pagamento de uma taxa para permanecer no feudo da família servil, em caso do
falecimento do pai ou da família;
Albergagem:
obrigação do servo em hospedar o senhor feudal caso fosse necessário.
Muitas cidades
europeias da Idade Média tornaram-se livres das relações servis e do predomínio
dos nobres. Essas cidades chamavam-se burgos. Por motivos políticos, os
"burgueses" (habitantes dos burgos) recebiam frequentemente o apoio
dos reis que, muitas vezes, estavam em conflito com os nobres7 . Na língua
alemã, o ditado Stadtluft macht frei ("O ar da cidade liberta") ilustra
este fenômeno. Em Bruges, por exemplo, conta-se que certa vez um servo escapou
da comitiva do conde de Flandres e fugiu por entre a multidão. Ao tentar
reagir, ordenando que perseguissem o fugitivo, o conde foi vaiado pelos
"burgueses" e obrigado a sair da cidade. Desta maneira, o servo em
questão tornou-se livre.
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