REVOLUÇÃO
FRANCESA
TEXTO
1
Contexto
Histórico: A França no século XVIII
A
situação da França no século XVIII era de extrema injustiça social na época do
Antigo Regime. O Terceiro Estado era formado pelos trabalhadores urbanos,
camponeses e a pequena burguesia comercial. Os impostos eram pagos somente por
este segmento social com o objetivo de manter os luxos da nobreza.
A
França era um país absolutista nesta época. O rei governava com poderes
absolutos, controlando a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião
dos súditos. Havia a falta de democracia, pois os trabalhadores não podiam
votar, nem mesmo dar opiniões na forma de governo. Os oposicionistas eram
presos na Bastilha (prisão política da monarquia) ou condenados à guilhotina.
A
sociedade francesa do século XVIII era estratificada e hierarquizada. No topo
da pirâmide social, estava o clero que também tinha o privilégio de não pagar
impostos. Abaixo do clero, estava a nobreza formada pelo rei, sua família,
condes, duques, marqueses e outros nobres que viviam de banquetes e muito luxo
na corte. A base da sociedade era formada pelo terceiro estado (trabalhadores,
camponeses e burguesia) que, como já dissemos, sustentava toda a sociedade com
seu trabalho e com o pagamento de altos impostos. Pior era a condição de vida
dos desempregados que aumentavam em larga escala nas cidades francesas.
A
vida dos trabalhadores e camponeses era de extrema miséria, portanto, desejavam
melhorias na qualidade de vida e de trabalho. A burguesia, mesmo tendo uma
condição social melhor, desejava uma participação política maior e mais
liberdade econômica em seu trabalho.
A
Revolução Francesa (14/07/1789)
A
situação social era tão grave e o nível de insatisfação popular tão grande que
o povo foi às ruas com o objetivo de tomar o poder e arrancar do governo a
monarquia comandada pelo rei Luis XVI. O primeiro alvo dos revolucionários foi
a Bastilha. A Queda da Bastilha em 14/07/1789 marca o início do processo
revolucionário, pois a prisão política era o símbolo da monarquia francesa.
O
lema dos revolucionários era " Liberdade, Igualdade e Fraternidade ",
pois ele resumia muito bem os desejos do terceiro estado francês.
Durante
o processo revolucionário, grande parte da nobreza deixou a França, porém a
família real foi capturada enquanto tentava fugir do país. Presos, os
integrantes da monarquia, entre eles o rei Luis XVI e sua esposa Maria
Antonieta foram guilhotinados em 1793.O clero também não saiu impune, pois os
bens da Igreja foram confiscados durante a revolução.
No
mês de agosto de 1789, a Assembléia
Constituinte cancelou todos os direitos feudais que existiam e promulgou a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Este importante documento trazia
significativos avanços sociais, garantindo direitos iguais aos cidadãos, além
de maior participação política para o povo.
Girondinos
e Jacobinos
Após
a revolução, o terceiro estado começa a se transformar e partidos começam a
surgir com opiniões diversificadas. Os girondinos, por exemplo, representavam a
alta burguesia e queriam evitar uma participação maior dos trabalhadores
urbanos e rurais na política. Por outro lado, os jacobinos representavam a
baixa burguesia e defendiam uma maior participação popular no governo.
Liderados por Robespierre e Saint-Just, os jacobinos eram radicais e defendiam
também profundas mudanças na sociedade que beneficiassem os mais pobres.
A
Fase do Terror
Robespierre
Maximilien de Robespierre: defesa de mudanças radicais
Em
1792, os radicais liderados por Robespierre, Danton e Marat assumem o poder e
organização as guardas nacionais. Estas, recebem ordens dos líderes para matar
qualquer oposicionista do novo governo. Muitos integrantes da nobreza e outros
franceses de oposição foram condenados a morte neste período. A violência e a radicalização
política são as marcas desta época.
A
burguesia no poder
Napoleão
Bonaparte: implantação do governo burguês
Em
1795, os girondinos assumem o poder e começam a instalar um governo burguês na
França. Uma nova Constituição é aprovada, garantindo o poder da burguesia e
ampliando seus direitos políticos e econômico. O general francês Napoleão
Bonaparte é colocado no poder, após o Golpe de 18 de Brumário (9 de novembro de
1799) com o objetivo de controlar a instabilidade social e implantar um governo
burguês. Napoleão assumi o cargo de primeiro-cônsul da França, instaurando uma
ditadura.
Conclusão
A
Revolução Francesa foi um importante marco na História Moderna da nossa
civilização. Significou o fim do sistema absolutista e dos privilégios da
nobreza. O povo ganhou mais autonomia e seus direitos sociais passaram a ser
respeitados. A vida dos trabalhadores urbanos e rurais melhorou
significativamente. Por outro lado, a burguesia conduziu o processo de forma a
garantir seu domínio social. As bases de uma sociedade burguesa e capitalista
foram estabelecidas durante a revolução. A Revolução Francesa também
influenciou, com seus ideais iluministas, a independência de alguns países da América Espanhola e o
movimento de Inconfidência Mineira no Brasil.
TEXTO
2
No
desenvolver do século XVIII existem dois importantes fatos históricos que
marcaram esse período. De um lado temos a ascensão dos ideais iluministas, que
pregavam a liberdade econômica e o fim das amarras políticas estabelecidas pelo
poder monárquico. Além disso, esse mesmo século assistiu uma nova etapa da
economia mundial com a ascensão do capitalismo industrial.
Nesse
contexto, a França conviveu com uma interessante contradição. Ao mesmo tempo em
que abrigou importantes personagens do pensamento iluminista, contava com um
estado monárquico centralizado e ainda marcado por diversos costumes atrelados
a diversas tradições feudais. A sociedade francesa estava dividia em classes
sociais distintas pela condição econômica e os privilégios usufruídos junto ao
Estado.
De
um lado, tínhamos a nobreza e o alto clero usufruindo da posse das terras e a
isenção dos impostos. Além disso, devemos salientar a família real que
desfrutava de privilégios e vivia à custa dos impostos recolhidos pelo governo.
No meio urbano, havia uma classe burguesa desprovida de qualquer auxilio
governamental e submetida a uma pesada carga tributária que restringia o
desenvolvimento de suas atividades comerciais.
A
classe proletária francesa também vivia uma situação penosa. No campo, os
camponeses eram sujeitos ao poder econômico dos senhores feudais e viviam em
condições mínimas. Muitos deles acabavam por ocupar os centros urbanos, que já
se entupiam de um amplo grupo de desempregados e miseráveis excluídos por uma
economia que não se alinhava às necessidades do nascente capitalismo
industrial.
Somados
a todos estes fatores, a derrota francesa em alguns conflitos militares e as
péssimas colheitas do final do século XVIII, contribuíram para que a crise
econômica, e a desordem social se instalassem de vez na França. Desse modo, a
década de 1780 veio carregada de contradições, anseios e problemas de uma nação
que não dava mais crédito a suas autoridades. Temos assim, os preparativos da
chamada Revolução Francesa.
Por
Rainer Sousa
Graduado
em História
TEXTO 3
Introdução:
A
Revolução Francesa é considerada o mais importante acontecimento da história
contemporânea. Inspirada pelas ideias iluministas, a sublevação de lema
"Liberdade, Igualdade, Fraternidade" ecoou em todo mundo, pondo abaixo
regimes absolutistas e ascendendo os valores burgueses. Foi à revolução
burguesa, tendo vista a sua condição de destruidora da velha ordem em nome das
ideias e valores burgueses e por conta da ideologia burguesa predominante
durante praticamente todo processo revolucionário.
A
França pré-revolucionária
A
sociedade francesa anteriormente à revolução era uma sociedade moldada no
Antigo Regime. Ou seja, politicamente o Estado era Absolutista (Absolutismo
Monárquico), economicamente predominavam as práticas mercantilistas que sofriam
com as constantes intervenções do Estado e na área social predominavam as
relações de servidão uma vez que a maioria da população francesa era camponesa.
Em torno de 250 milhões de pessoas viviam em condições miseráveis nos campos
franceses, pagando altíssimos impostos a uma elite aristocrática que usufruía
do luxo e da riqueza gerados pelo trabalho dos campesinos em propriedades
latifundiárias, ou feudos, dos nobres.
Nas
áreas urbanas a situação não era muito diferente de quem vivia nas áreas
rurais. A população urbana, composta em sua maioria por assalariados de baixa
renda, desempregados (excluídos) e pequenos burgueses (profissionais liberais),
também arcava com pesadíssimos impostos e com um custo de vida cada vez mais elevado.
Os preços em geral dos produtos sofriam reajustes constantemente e isso pesava
na renda dos trabalhadores em geral – urbanos e rurais. Já as elites, compostas
por um alto clero, uma alta nobreza e, claro, a Família Real – a realeza
francesa: Luis XVI e sua esposa Maria Antonieta, filhos e demais parentes –
vivam em palácios luxuosos – como o monumental Palácio de Versalhes, localizado
nos arredores de Paris e que era a residência de veraneio da Família Real e da
elite – não pagavam impostos, promoviam banquetes – às custas do dinheiro
público – em suma: viviam nababescamente (do requinte, da opulência, do luxo,
das mordomias,...) face a situação de miséria e pobreza da maioria da
população. Veja o que demonstra a ilustração abaixo:
A
Revolução e suas Fases
No
final do século XVIII a situação sócio-econômica da França era de total
calamidade. Numa perspectiva de tentar resolver as situações problemas, o
Monarca Luis-XVI convocou seu Ministro das finanças Necker, que estava afastado
do cargo, para decidir quanto a situação de crise econômica e financeira. Por
sugestão de Necker, Luis-XVI convocou, no dia 5 de maio de 1789, a Assembleia
dos chamados Estados Gerais que reunia os representantes políticos do 1º.
, 2º. e 3º. Estados os quais não se
reuniam desde o século XVII.
O
1º. Estado era formado pelo alto clero, o 2º. Estado pela alta nobreza e o 3º.
Estado, pelos deputados que representavam a maioria da população (assalariados,
camponeses e pequena burguesia) – era o grupo maior, pois continha um número
maior de representantes. Observe os Estados Gerais reunidos em 1789, convocados
por Luís XVI: Na ocasião da convocação e da reunião dos Estados Gerais, depois
de abrir a sessão, Luís XVI deu por aberta as discussões e votações para os
problemas que atingiam a sociedade francesa. A questão, porém, centrava-se no
sistema de votação dentro da Assembleia. Sobre a questão dos pagam e dos não
pagam impostos, por exemplo, o sistema de votação favoreceu ao 1º. e ao 2º.
Estados.
Como? Como a votação era por Estado e não por
indivíduo (individual), cada Estado tinha direito a um só voto. No caso dos
impostos, votou-se contra ou a favor do 1º. e do 2º. Estados arcarem com o
pagamento de impostos. Resultado: pelo sistema de votação vigente, os dois
Estados permaneceram isentos da obrigação do pagamento de impostos, já que
totalizou dois votos contra um. Esse modelo de votação gerou revolta por parte
dos deputados do 3º. Estado que reagiram prontamente, exigindo a qualquer custo
que as reuniões fossem conjuntas e não separadamente por Estados. Diante da
negação, o 3º. Estado proclama-se em Assembleia Geral Nacional.
O
Rei, desesperado diante do atrevimento dos representantes populares, manda
fechar a sala de reuniões. Mas o 3º. Estado não se deu por vencido e seus
deputados se dirigiram para um salão que a nobreza utilizava para jogos. Lá
mesmo fizeram uma reunião, onde ficou estabelecido que permanecessem reunidos
até que a França tivesse uma Constituição. Esse ato ficou conhecido com o nome
de “O Juramento do Jogo de Pela”. Os deputados que fundaram a Assembleia
NACIONAL nela juraram igualdade jurídica e direitos políticos para todos os
homens comuns. Veja a seguir como ficou esse juramento simbolizado no imaginário
da Revolução Francesa.
Pela
imagem percebemos que os seus integrantes se voltam para o centro onde está um
orador. Possivelmente este orador é um membro de importância, pois dirige a
sessão conduzindo os demais a jurarem por algo. Este algo era a CONSTITUIÇÃO na
qual constariam todos os direitos políticos e jurídicos dos cidadãos. Portanto,
concluindo, eles juraram pela liberdade, igualdade e fraternidade – lemas da
Revolução Francesa. No dia 9 de julho de 1789, reúne-se uma Assembleia Nacional
Constituinte, incumbida de elaborar uma Constituição para a França. Isso
significava que o Rei deixaria de ser o senhor absoluto do reino. A burguesia
francesa, por sua vez, apelou para o povo. No dia 14 de julho de 1789, toda a
população parisiense avança, num movimento nunca visto, para a Bastilha, a
prisão política da época, onde o responsável pela prisão, o carcereiro, foi
espancado pela multidão vindo a falecer. Veja a imagem a seguir também parte do
imaginário da Queda da Bastilha:
O
momento agora é dos camponeses, que percebendo a fraqueza da nobreza, invadem
os castelos, executando famílias inteiras de nobres numa espécie de vingança,
de uma raiva acumulada durante séculos. Avançam sobre a propriedade feudal e
exigem reformas – sobretudo a Reforma Agrária. A burguesia, na Assembleia,
temerosa de que as exigências chegassem também às suas propriedades, propõe que
sejam extintas os direitos feudais como única saída para conter o furor
revolucionário dos camponeses. A 4 de agosto de 1789, extingue-se aquilo que
por muitos séculos significou a opressão sobre os camponeses: as obrigações
feudais. Porém, os impostos continuaram altos, o custo de vida pouco se alterou
e a França continuava em guerras externas significando despesas altas para o
Estado, agora burguês. A burguesia, preocupada em estabelecer as bases teóricas
de sua revolução, fez aprovar, no dia 26 de agosto do mesmo ano (1789), um
documento que se tornou mundialmente famoso: A Declaração dos Direitos do Homem
e do Cidadão. Nesse documento a burguesia francesa declarava, entre outras,
quem era cidadão e não cidadão esperando que houvesse uma aceitação por parte
das classes populares que ainda encontravam-se insatisfeitas com as realizações
políticas e sociais daqueles que se diziam seus representantes políticos. Na
realidade a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi uma forma de
legitimar a burguesia no poder político
do Estado sendo ela a classe dominante, de elite. Portanto, para a burguesia a
revolução estava por encerrada uma vez que seus interesses já haviam sido
conquistados por ela. Era necessário impedir a radicalização do movimento
revolucionário; ou seja, era necessário impedir que a revolução se tornasse
popular, o que não interessava à burguesia.
1ª.
Fase da Revolução: A Assembleia Nacional Constituinte – 1789-1792
Nesta
fase, fundou uma Monarquia Parlamentarista, ou Constitucional. Um dos atos mais
importantes da Assembleia foi o confisco dos bens do clero francês, que seriam
usados como uma espécie de lastro para os bônus emitidos para superar a crise
financeira. Parte do clero reage e começa a se organizar e como resposta a
Assembleia decreta a Constituição Civil do Clero; isto é, o clero passa a ser
funcionário do Estado, e qualquer gesto de rebeldia levaria a prisão. A
situação estava muito confusa. A Assembleia não conseguia manter a disciplina e
controlar o caos econômico. O Rei entra em contato com os emigrados no exterior
(principalmente na Prússia e na Áustria) e começam a conspirar para invadir a
França, derrubar o governo revolucionário e restaurar o absolutismo. Para organizar
a contra-revolução, o monarca foge da França para a Prússia, mas no caminho e
reconhecido por camponeses, é preso e enviado à Paris. Na capital, os setores
mais moderados da Assembleia conseguiram que o Rei permanecesse em seu posto. A
partir daí uma grande agitação tem início, pois seria votada e aprovada a
Constituição de 1791. Esta constituição estabelecia, na França, a Monarquia
Parlamentar, ou seja, o Rei ficaria limitado pela atuação do poder legislativo
(Parlamento).
Neste
poder legislativo era escolhido através do voto censitário e isso equivalia
dizer que o poder continuava nas mãos de uma minoria, de uma parte privilegiada
da burguesia. Resumindo, o que temos é uma Monarquia Parlamentar dominada pela
alta burguesia e pela aristocracia liberal, liderada, por exemplo, pelo famoso
La Fayette. É o total afastamento do povo francês que continuava sem poder de
decisão. No recinto da Assembleia, sentava-se à esquerda o partido liderado por
Robespierre, que se aproximava do povo: eram os Jacobinos ou Montanheses (assim
chamados por se sentarem nas partes mais altas da Assembleia); ao lado, um
pequeno grupo ligado aos Jacobinos, chamados Cordeliers, onde apareceram nomes
como Marat, Danton, Hebert e outros; no centro, sentavam-se os constitucionalistas,
defensores da alta burguesia e a nobreza liberal, grupo que mais tarde ficará
conhecido pelo nome de planície; à direita, ficava um grupo que mais tarde
ficará conhecido como Girondinos, defensores dos interesses da burguesia
francesa e que temiam a radicalização da revolução; na extrema direita,
encontram-se alguns remanecentes da aristocracia que ainda não emigrara,
conhecidos por aristocratas, que pretendiam a restauração do poder absoluto.
Esta
fase terminou com a radicalização do movimento revolucionário depois que
Robespierre e seus seguidores agiram incitando à população a pegarem em armas e
lutarem contra a Assembleia e as forças conservadoras.
2ª.
Fase da Revolução: A Convenção Nacional – 1792-1794/95
Foi a fase considerada mais radical do movimento
revolucionário porque foi a etapa em que os Jacobinos, liderados por
Robespierre, assumiram o comando da revolução. Portanto, foi a etapa mais
popular do movimento já que os Jacobinos eram representantes políticos das
classes populares. Para alguns historiadores, esta etapa não predominou a
ideologia burguesa, já que a burguesia não conduzia a revolução neste período.
Porém, antes da queda da Monarquia Parlamentar, a burguesia chegou a proclamar
uma República – a República Girondina em setembro de 1792. A república foi
proclamada como um mecanismo de assegurar a burguesia seus interesses,
projetos, no poder político do Estado. Como as tensões estavam exaltadas, a
alta burguesia francesa decidiu tirar todo o poder político do rei Luis-XVI e
transferi-lo para si (a burguesia). Desta forma caía a Monarquia na França. Em
1792, a Assembleia Legislativa aprovou uma declaração de guerra contra a
Áustria. É interessante salientar que a burguesia e a aristocracia queriam a
guerra por motivos diferentes. Enquanto para a burguesia a guerra seria breve e
vitoriosa, para o rei e a aristocracia seria a esperança de retorno ao velho
regime. Palavras de Luís XVI: "Em lugar de uma guerra civil, esta será uma
guerra política" e da rainha Maria Antonieta: "Os imbecis [referia-se
a burguesia]! Não vêem que nos servem". Portanto, o rei e a aristocracia
não vacilaram em trair a França revolucionária.
Luís XVI e Maria Antonieta foram presos,
acusados de traição ao país por colaborarem com os invasores. Verdun, última
defesa de Paris, foi sitiada pelos prussianos. O povo, chamado a defender a
revolução, saiu às ruas e massacrou muitos partidários do Antigo Regime. Sob o
comando de Danton, Robespierre e Marat, foram distribuídas armas ao povo e foi
organizada a Comuna Insurrecional de Paris. As palavras de Danton ressoaram de
forma marcante nos corações dos revolucionários. Disse ele: "Para vencer
os inimigos, necessitamos de audácia, cada vez mais audácia, e então a França
estará salva". Em 21 de Janeiro do
ano seguinte, 1793, Luis-XVI foi condenado e guilhotinado na “praça da
revolução” – atual Praça da Concórdia situada na avenida Champs-Élysées, em
Paris – uma vez que os Jacobinos já haviam assumido a liderança do movimento
revolucionário. A rainha Maria Antonieta, foi decapitada no mesmo ano só que em
setembro.
A
República Girondina caiu e os Jacobinos assumiram a direção política do Estado
proclamando uma nova República: a República Jacobina e com ela uma nova
Constituição: a Constituição de 1793. Na Constituição Jacobina continham
princípios que satisfazia a população porque garantia-lhe direitos e poder de
decisão. Vejamos os mais importantes pontos da nova Constituição:
•Voto Universal ou Sufrágio Universal - Todos os cidadãos homens maiores de idade,
votam.
•Lei do Máximo ou Lei do Preço Máximo –
estabeleceu um teto máximo para preços e salários.
•Venda de bens públicos e dos emigrados para
recompor as finanças públicas.
•Reforma Agrária – confisco de terras da nobreza emigrada e da Igreja
Católica, que foram divididas em lotes menores vendida a preços baixos para os camponeses
pobres que puderam pagar num prazo de até 10 anos.
•Extinção da Escravidão Negra nas Colônias
Francesas – que acabou por motivar a Revolução Haitiana em 1794 e que durou até
1804 quando no Haiti aboliu-se a escravidão.
•Organização dos seguintes comitês: o Comitê
de Salvação Pública, formado por nove (mais tarde doze) membros e encarregado
do poder executivo, e o Comité de Segurança Pública, encarregado de descobrir
os suspeitos de traição.
•Criação do Tribunal Revolucionário, que
julgava os opositores da Revolução e geralmente os condenavam à Guilhotina.
Ressalta-se
que para que os Jacobinos pudessem alcançar o poder político do Estado e assumi-los,
teve que contar com um apoio fundamental: os sans-culottes. Os sans-culottes
eram indivíduos populares – normalmente desempregados e assalariados, a plebe
urbana – que eram identificados pelo frígio, ou barrete, vermelho que usavam
sobre suas cabeças. Veja a ilustração:
Os
sans-culottes acabaram por se transformar em uma força motora da revolução.
Isto é, como era formado por uma massa de indivíduos, graças as ações violentas
dos mesmos que os Jacobinos, ligados a eles, chegaram ao poder. Definitivamente
os sans-culottes tiveram um papel fundamental no processo revolucionário
francês já que correspondiam as aspirações populares.
Porém,
mesmo com o apoio dos sans-culottes e estando na direção política do Estado
realizando determinadas reformas políticas e sociais significativas, os
Jacobinos não duraram muito no poder devido ao que implantaram durante sua
República – a Era do Terror. Robespierre, líder supremo dos Jacobinos, decidiu
implantar a Era do Terror. Mas o que significou isso? Significou que era
necessário agir de modo ditatorial para alcançar um governo democrático e
assegurar as conquistas instituídas pelas reformas que se realizavam. Para tais
fins teve que Robespierre impor o poder do Estado sobre a população e condenar
todos os que eram considerados suspeitos de traição à Guilhotina. Foi o período
em que a Guilhotina foi mais usada. Até mesmo líderes Jacobinos próximos a
Robespierre, como Danton por exemplo, foram guilhotinados. O excesso de terror
fez com que os Girondinos articulassem um Golpe de Estado – o golpe “9 do
Termidor” – e derrubassem com a
República Jacobina, guilhotinando inclusive Robespierre. Iniciava-se a terceira
fase revolucionária.
3ª.
Fase da Revolução: o Diretório – 1795-1799 / A Era Napoleônica-1799-1815
Conhecido
como Reação Termidoriana, o golpe de Estado armado pela alta burguesia
financeira, que marcou o fim da participação popular no movimento
revolucionário, em compensação os estabelecimentos comerciais cresciam, porque
as ações burguesas anteriores haviam eliminado os empecilhos feudais. O novo
governo, denominado Diretório (1795-1799), autoritário e fundamentado numa
aliança com o exército (então restabelecido após vitórias realizadas em guerras
externas), foi o responsável por elaborar a nova Constituição, que manteria a
burguesia livre de duas grandes ameaças: a República Democrática Jacobina e o
Antigo Regime. O Poder Executivo foi concedido ao Diretório, e uma comissão
formada por cinco diretores eleitos por cinco anos. Apesar disso, em 1796 a
burguesia enfrentou a reação dos Jacobinos e radicais igualitaristas. Graco
Babeuf liderou a chamada Conspiração dos Iguais, um movimento socialista que
propunha a "comunidade dos bens e do trabalho", cuja atenção era
voltada a alcançar a igualdade efetiva entre os homens, que segundo Graco, a
única maneira de ser alcançada era através da abolição da propriedade privada.
A revolta foi esmagada pelo Diretório, que decretou pena de morte a todos os
participantes da conspiração, e o enforcamento Babeuf.
O
governo não era respeitado pelas outras camadas sociais. Os burgueses mais
lúcidos e influentes perceberam que com o Diretório não teriam condição de
resistir aos inimigos externos e internos e manter o poder. Eles acreditavam na
necessidade de uma ditadura militar, uma espada salvadora, para manter a ordem,
a paz, o poder e os lucros. A figura que sobressai no fim do período é a de
Napoleão Bonaparte. Ele era o general francês mais popular e famoso da época.
Quando estourou a revolução, era apenas um simples tenente e, como os oficiais
oriundos da nobreza abandonaram o exército revolucionário ou dele foram
demitidos, fez uma carreira rápida. Aos 24 anos já era general de brigada. Após
um breve período de entusiasmo pelos Jacobinos, chegando até mesmo a ser amigo
dos familiares de Robespierre, afastou-se deles quando estavam sendo depostos.
Lutou na Revolução contra os países absolutistas que invadiram a França e foi
responsável pelo sufocamento do golpe de 1795.
Enviado
ao Egito para tentar interferir nos negócios do império inglês, o exército de
Napoleão foi cercado pela marinha britânica nesse país, então sobre tutela
inglesa. Napoleão abandonou seus soldados e, com alguns generais fiéis,
retornou à França, onde, com apoio de dois diretores e de toda a grande
burguesia, suprimiu o Diretório e instaurou o Consulado, dando início ao
período napoleônico com o golpe de Estado conhecido por “18 de Brumário”. Com o
golpe Napoleão foi adquirindo poderes políticos até que em 6 de maio de 1804
foi consagrado Imperador com o título de Napoleão Bonaparte-I governando até
1814, quando caiu do poder e foi exilado. Durante seu governo Napoleão não só
estendeu com as fronteiras francesas por meio de guerras, como realizou
diversas reformas políticas e sociais, sempre em nome dos interesses burgueses,
instituindo o código civil, reformando o sistema educacional e adotando o
estilo artistico neo-clássico como modelo arquitetônico que servia de veículo
de propaganda para as dimensões de seu poder político e para a alta burguesia
em seu estilo de vida.
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