quarta-feira, 15 de agosto de 2012



PROFESSOR: FRANCISCO EUDO
 HISTÓRIA AMBIENTAL
TEXTO DE LEITURA PARA PESQUISA DO CÓRREGO NEBLINA 
 
Texto 1

História ambiental
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Por muitos anos se acreditou em um distanciamento entre Cultura e Natureza. Este distanciamento influenciou sobremaneira as relações estabelecidas entre o Homem como ser diferenciado e destacado da natureza em contraposição à Natureza e seus recursos.
Criou-se posteriormente a distinção entre paisagem natural e paisagem cultural, esta última seria o objeto de estudo do historiador. Esta visão ainda destacava o Homem de seu contexto natural, só serviriam aos estudos históricos as paisagens transformadas pela ação do homem. Atualmente, existe a preocupação dos historiadores em perceber as relações entre o homem e seu meio ambiente. Nada mais óbvio que enxergar as inter-relações entre os diversos fatores que norteiam esta relação.
A tecnologia e a economia são fatores importantes na relação entre uma dada sociedade e o ambiente natural que a cerca. É seguindo esta perspectiva teórica de inter-relações que se produzem atualmente os trabalhos acadêmicos em torno da História Ambiental.
As relações “Humanas x Mundo Natural"
Ponting (1995:30), em sua obra "Uma História Verde do Mundo" inicia sua discussão sobre as relações entre os seres humanos e o meio ambiente chamando a atenção para o fato de que a "história humana não pode ser compreendida em um vácuo". Para esse autor a vida na terra depende de como os seres humanos se relacionam com o seu ambiente, pois a existência desses depende de um complexo sistema de inter-relações entre processos físicos, químicos e biológicos.
Ao fazer essa afirmação Ponting nos indica uma mudança no modo de pensar a relação Homem e Natureza. Essa mudança de atitude pode ser um desdobramento da degradação ambiental causada pelo uso abusivo e descontrolado dos recursos naturais, e os problemas decorrentes desse processo diversas partes do globo. Assim, a história humana se apresenta também como a história do ambiente.. Esta constatação não é recente e já fazia parte dos escritos de Karl Marx. (1981) A História pode ser encarada de dois lados e dividida em História da Natureza e História dos Homens. Mas os dois lados não podem ser separados do tempo; enquanto houver homens, a História da Natureza e a História dos Homens se condicionarão reciprocamente.

Mas, se hoje, esse pensamento tem se firmado cada vez mais, até a algumas décadas atrás o mesmo não acontecia, mesmo na academia. A formação e consolidação da ciência moderna parece ter naturalizado algumas visões de mundo que são definidas pela oposição de categorias como homem e natureza; sujeito e objeto; espírito e matéria, subjetividade e objetividade. É principalmente a primeira oposição, homem e natureza, que nos interessa mais neste trabalho.

Essa separação se consolida nos séculos XVI e XVII, quando o Homem deixa definitivamente o universo do mundo natural. Pensadores como Francis Bacon e principalmente René Descartes, que concebiam este mundo como algo exterior à sociedade humana, influenciaram o nascimento da ciência moderna cristalizando essa visão de natureza alheia ao homem, passível de controle por meio do conhecimento, ou seja, da Ciência (Gonçalves, 1998, Oliveira, 2002; Silva & Schramm, 1997) .
Para Gonçalves (1998), a modernidade, assim como a própria ciência moderna, expressava, já na sua gênese, dois aspectos: primeiramente a visão pragmática do conhecimento, que deve ser "útil", em oposição a uma filosofia especulativa. A Natureza, dessa forma é entendida como um recurso, um meio para se atingir um fim. Em concordância com essa primeira característica, o caráter antropocêntrico do pensamento moderno. O homem, o sujeito, é colocado, ao mesmo tempo em oposição e como dominador do objeto, no caso o mundo natural. A ruptura entre homem e Natureza se acelera no momento em que ele se descobre como protagonista único, e ao mesmo tempo inicia a "mecanização do planeta" (Santos, 1992). É nesse ambiente ideológico que a ciência moderna se formou e que ainda a influencia de forma significativa.

Contudo, é ainda no século final do século XIX que as Ciências Naturais começam a questionar o postulado de que não era necessário mais que alguns poucos milênios para investigar e conceitualizar as sociedade humanas, normalmente associada com a escrita. As ciências naturais se propunham a investigar processos onde o "tempo cultural" não era mais suficiente. Assim as ciências Naturais lançam mão do "tempo geológico", que jogava luz sobre o papel do ambiente na história da evolução humana, e que empurrava a história da humanidade para muitos milênios antes da escrita (Drummond, 1991:3).

No caso específico da História a adoção desse paradigma também repousa na própria definição do campo de atuação: o estudo da trajetória humana e da formação e transformações das civilizações através do tempo (Ribeiro 2005:15). O que implica uma visão de superioridade dos seres humanos em relação à natureza. Consequentemente, o período em que supostamente estivemos mais subordinados à Natureza torna-se parte da Pré-História, objeto de estudo da arqueologia. Contudo, os problemas ambientais, a emergência dos movimentos ecológicos e a percepção da amplitude da ação humana no ambiente, levaram as ciências humanas, a partir segunda metade do século XX, a uma mudança de postura, principalmente no que diz respeito às relações entre o seu objeto, os humanos, e o ambiente natural. No rastro destas tendências, as ciências humanas iniciam várias frentes de aproximação com as ciências naturais. Como por exemplo, o aparecimento a partir da década de trinta, da Ecologia Cultural, tendo à frente Julian Steward e da Ecologia Humana da Escola de Chicago.

É nesse contexto que a História Ambiental começa a se desenvolver. Mas é nos anos 1980 e 90, que o campo ganha status cientifico e institucional, com a criação de cursos de pós-graduação, de periódicos (Environmental History) e de uma sociedade, a American Society for Environmental History, principalmente nos Estados Unidos. (Stewart, 1998). Na Europa, em 1999, é fundada a European Society for Environmental History e a revista Environmental and History. Essas eventos nos mostram que o esforço por parte dos historiadores de estabelecer esta especialidade, procurando institucionalizar as discussões teóricas e metodológicas da nova abordagem.

Os precursores dessa nova História são encontrados entre os autores da chamada História das Civilizações, onde se destacam autores como Arthur Toynbee ( Mankind and Mother Earth: A Narrative History of the World) e Gordon Childe (Man Makes Himself). Esses autores analisaram como sociedades tiveram sua existência vinculada ao uso dos recursos naturais (Drummond, 1991).

Na Europa, Marc Bloch e Lucien Febvre lançaram a "Revue des Annales" que deu origem à chamada "Nova História". Esta nova corrente historiográfica propunha a construção de uma história recorrendo a tudo o que estivesse relacionado ao homem, incluindo a natureza. Em seu estudo sobre a vida rural na França, Bloch, assim como Febvre, deu uma atenção especial ao meio-ambiente (Freire, 2004).
Mas foi Fernand Braudel e a sua concepção de que o ambiente molda a vida humana, quem mais contribuiu e continua influenciando os historiadores dessa nova modalidade. Na sua obra sobre o mundo Mediterrânico ele estuda a história "do homem em relação ao seu meio", ou como o próprio Braudel chamava, uma "geo-história" (Dosse, 1992:133-143). Em sua visão, a geo-história é a história que o meio impõe aos homens por suas constantes ou leves variações. Essas variações não são percebidas ou acabam sendo negligenciadas na "curta medida do homem". (Dosse, 1992; Aguirre Rojas, 2000, Burke 1997, Drummond, 1991, Worster, 1991).
A geo-história se preocupa em estudar os vínculos homem-natureza, pensada na forma de uma ação e reação ao longo do tempo. Braudel divide os processos históricos segundo suas diferentes velocidades, cabendo à história lenta, quase imóvel, as relações do homem e o seu meio, sendo a base onde as outras duas histórias, a social e a individual são desenvolvidas. Assim Essa nova história "rejeita a premissa de que a experiência humana se desenvolveu sem restrições naturais, de que as conseqüências ecológicas de seus feitos passados podem ser ignoradas" e tem como objetivo "entender como os seres humanos foram afetados pelo ambiente natural e inversamente como eles afetaram esse ambiente e com que resultados" (Worster, 1991:01).


A História Ambiental como Campo de estudo

Vários autores (Stewart, 1998, Worster, 1991, Drummond, 1991, 1997) concordam em afirmar que a História Ambiental tem sido feita, de modo geral, em três categorias de análises: reconstrução de ambientes naturais do passado, estudo dos modos humanos de produção e seu impacto sobre o ambiente; e a análise da história das idéias, das percepções e dos valores sobre o mundo natural. Esses níveis podem aparecer integrados, como no estudo sobre a mata Atlântica de Warren Dean (1996) ou de forma separadas, como no estudo das idéias conservacionistas de Pádua (2002) em "Um sopro de destruição". Embora possa haver maior ênfase neste ou naquele plano, há a preocupação entre a maior parte dos estudos de evitar uma "racionalização das necessidades do estômago" ou um extremado ideacionismo, evitando a dicotomia "Barriga" e "Pensée".
A necessidade da integração de diferentes níveis de análises fez com que uma das principais características da História Ambiental seja o diálogo com outras disciplinas como a geologia, biologia, geografia, antropologia e, principalmente, a ecologia. Worster (1991:06) qualifica esse diálogo da seguinte maneira:
No seu conjunto as ciências naturais são instrumentos indispensáveis para o historiador ambiental, que precisa sempre começar com a reconstrução de paisagens do passado, verificando como eram e como funcionavam antes que as sociedades humanas as penetrassem e as modificassem. Trata-se de colocar a natureza na História (Cronom, 1983), ou ir mais além, "colocar a história humana no contexto da natureza não-humana" (Soffiati, s/d).

    AGUIRRE ROJAS, C. A. Os Annales e a historiografia francesa: tradições críticas de Marc Bloch a Michel Foucault. Maringá: Eduem, 2000.
    BRAUDEL, Fernand (2002): Geohistória. IN: Entre passado e futuro. Nº 1. São Paulo: Maio.
    BURKE, P. A Escola dos Annales (1929-1989): A Revolução Francesa da Historiografia. São Paulo: Fundação Editora da Unesp. 1997.
    CRONON, W. Changes in the land: indians, colonists and ecology of New England. New York: Hill and Wang, 1983.
    Crosby, Alfred W. (1986): Ecological imperialism: the biological expansion of Europe, 900 - 1900. Cambridge: Cambridge University Press. (Studies in environment and history).
    DEAN, Warren. A Ferro e Fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. Trad. São Paulo, Cia. Das Letras, 1996.
    DOSSE, F. A história em migalhas: dos Annales à Nova História. São Paulo: Ensaio. Campinas, SP: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1992.
    DRUMMOND, José Augusto. A História Ambiental e o choque das civilizações. In Ambiente e Sociedade, Ano III, n5, 2ª Semestre, 1999.
    ________________________. A História Ambiental: temas, fontes e linhas de pesquisa. In Estudos Históricos, RJ, vol.4, n. 8. 1997 Abstracts, Texto integral
    GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Os (Des) Caminhos do Meio Ambiente. São Paulo: Ed. Contexto, 1998.
    MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. 1º capítulo, seguido das teses sobre Feuerbach. Trad. de Álvaro Pina. Lisboa: Avante, 1981. (Biblioteca do Marxismo-Leninismo/16)
    OLIVEIRA, Ana Maria de. Relação Homem/Natureza no Modo de Produção Capitalista. In Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografia Y Ciencias Sociales. Vol. VI, n. 119 (18), 1 de Agosto de 2002.
    PÁDUA, J.A. Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil escravista, 1786-1888. RJ: Jorge Zahar Editora, 2002.
    PONTING, Clive. Uma História Verde do Mundo. RJ: Civilização Brasileira, 1995.
    RIBEIRO, Ricardo Ferreira. Florestas anãs do Sertão – O Cerrado na História de Minas Gerais. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
    Shepard Krech III, J.R. McNeill, and Carolyn Merchant (Editors)(2004): Encyclopedia of World Environmental History. New York: Routledge.
    SILVA, E. R. DA. & SCHRAMM, F. R. A questão ecológica: entre a ciência e a ideologia de uma época. Cad. Saúde Publica, 13(3): 255-382, RJ. 1997
    SILVA, Francisco Carlos Teixeira da (1997): História das paisagens. IN: CARDOSO, Ciro Flamarion et VAINFAS, Ronaldo (orgs.) Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus.
    SOFFIATI, A. Destruição e proteção da Mata Atlântica no Rio de Janeiro: ensaio bibliográfico acerca da eco-história. (texto eletrônico), s/d.
    STEWART, M.A. Environmental History: Profile of a developing Field. IN The History Teacher, vol. 31, nº 3, 1998.
    Winiwarter, Verena (1998): Was ist Umweltgeschichte? Ein Überblick. (= Social Ecology Working Paper 54). Wien: Institut für Soziale Ökologie, Fakultät für Interdisziplinäre Forschung und Fortbildung IFF.
    WORSTER, D. Para fazer História Ambiental. In Estudos Históricos, vol. 4, n. 8, 1991.
    ____________. Transformações da Terra: Para uma Perspectiva Agroecológica na História. Ambiente e Sociedade. V.5, n.2 . Campinas, 2003
Texto 2
Brasil Escola
O desenvolvimento e o crescimento dos centros urbanos muitas vezes não ocorrem de maneira planejada, ocasionando vários transtornos para quem os habita. Alguns desses problemas são de grandeza ambiental e atrapalham as atividades da vida humana nesses locais. Esses problemas ambientais são causados por diversos fatores antrópicos. Abaixo estão relacionados alguns desses problemas:

Poluição do ar:

A poluição atmosférica é causada pela emissão de gases poluentes no ar, como monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), dióxido de enxofre (SO2), entre outros, causando problemas para a saúde e para o meio ambiente.

Esses gases poluentes são produzidos pelas indústrias e automóveis. Sua concentração na atmosfera causa um fenômeno conhecido como smog, que é uma fumaça ou neblina poluente localizada na superfície das cidades e que pode causar doenças respiratórias.

Fumaça das chaminés das indústrias e dos carros causando poluição do ar

Poluição das águas:

A situação dos rios e córregos é preocupante, pois a poluição das águas afeta diretamente a saúde da população. Uma grande quantidade de lixo e esgoto é jogada nos rios, em razão da irresponsabilidade das pessoas, da falta de coleta de lixo e tratamento de esgoto.

Lixo nos rios e córregos

Ilha de calor:

É o aumento da temperatura em determinadas partes de uma cidade, na qual a região com maior concentração predial, asfalto, vidros e concreto tem maior temperatura; enquanto que em outra parte da cidade, que tem mais áreas verdes, a temperatura é menor, com variações de até 10° C no mesmo dia.

Inversão térmica:

É quando a poluição do ar impede a troca normal de temperatura do ar na superfície, ou seja, o ar frio e pesado (por causa das partículas da poluição) fica em baixo e o ar quente e mais leve fica em cima.

Inversão térmica: partículas de poeira e poluição na superfície

Efeito estufa:

Fenômeno causado pelo aumento da temperatura no planeta em virtude dos gases poluentes emitidos pelas cidades. A camada poluente impede que o calor da atmosfera se dissipe. É chamado de estufa, pois o planeta mantém a temperatura aquecida.
Erosão:
Causada pelo uso e pela ocupação irregular de áreas de preservação ambiental nas grandes cidades, como encostas, margens de rios, excesso de peso das edificações, compactação do solo, etc.
Chuva ácida:
Causada pela poluição do ar, em que os gases poluentes reagem com a água da umidade do ar, ocasionando chuvas com presença de componentes ácidos e prejudicando plantações, edificações, automóveis e o ser humano.
Enchentes e desmoronamento:
As chuvas nas cidades podem causar enchentes e desmoronamentos, destruindo edificações e matando pessoas, em razão da ocupação irregular, pois as águas das chuvas não têm para onde escoar.
Falta de áreas verdes:
O desmatamento em áreas urbanas causa aumento da temperatura e agrava a poluição do ar.
Poluição visual e sonora:
As propagandas excessivas e o barulho alto dos grandes centros podem causar transtornos psicológicos na sociedade.
Por Suelen Alonso
Mestre em Geografia
Texto 3

Choveu forte hoje em minha cidade desde o início da madrugada. O temporal só abrandou agora às 12h 30min. Chuva forte, muito forte, que causou mais uma vez apreensão nos moradores marginais do córrego Neblina. Em alguns pontos, ele transbordou trazendo prejuízos à população dos bairros Neblina e Noroeste.
O transbordo do córrego não é raro quando as chuvas são fortes e persistentes, alagando as casas às suas margens. No setor Alaska, um centro esportivo permanecia debaixo d'água ainda ao meio-dia.
Nas ruas a água varria o asfalto, impossibilitada pelo grande volume de ser absorvida pela galeria pluvial. A água descia aos borbotões pelas calhas dos telhados e a população, que preferiu em sua maior parte permanecer em casa, buscava a proteção de marquises.
    O que é Freeganismo?
    Freegans são pessoas que adotam estratégias alternativas para viver baseados em uma participação limitada na economia e consomem o mínimo possível de produtos. Os freegans apóiam a comunidade, a generosidade, o interesse social, a liberdade, e a ajuda mútua, ao contrário da atual sociedade baseada em materialismo, apatia moral, competição, conformismo e cobiça.
    Após anos tentando boicotar produtos de corporações responsáveis por violações dos direitos humanos, destruição ambiental e exploração de animais, muitos de nós percebemos que não importa o que comprarmos, de algum modo estaremos de alguma forma apoiando alguma empresa até pior. Percebemos que o problema não é só algumas empresas e corporações, mas todo o sistema econômico em si.
    O freeganismo é um boicote a esse sistema, onde a causa do lucro atinge considerações éticas, e onde os sistemas de produção em massa asseguram que TODOS os produtos que comprarmos terão algum tipo de impacto prejudicial - muitos dos quais jamais estaremos cientes. Então, ao invés de evitar comprar produtos de uma empresa socialmente irresponsável só para apoiar outra (talvez ainda pior), nós evitamos de comprar qualquer coisa em todos os níveis possíveis.
    O termo freegan é derivado das palavras "free" (livre, grátis, em inglês) e vegan. Vegans são pessoas que não consomem produtos de origem animal ou testados em animais, em um esforço de evitar a exploração animal. Os freegans levam isso adiante, reconhecendo que em uma economia industrial, de produção em massa, movida pelo lucro, exploração de animais, de humanos e da terra, essa exploração acontece em todos os níveis de produção (desde a aquisição da matéria-prima, à produção e ao transporte) e em praticamente quase todos os produtos que compramos.
    Trabalho forçado, destruição da floresta amazônica, aquecimento global, desapropriação de terras de comunidades indígenas, poluição do ar e da água, erradicação da vida selvagem na agricultura, manipulação de políticos para o interesse das grandes corporações, destruição de montanhas pelas mineradoras, derramamento de óleo do oceano, exploração do trabalho infantil, são apenas alguns dos vários impactos dos aparentemente inocentes produtos que consumimos todos os dias.
    Os freegans adotam como estilo de vida várias estratégias que são baseadas nos seguintes princípios:
    Retorno ao Natural
    Vivemos em uma sociedade onde os alimentos que comemos são cultivados a milhares de quilômetros de nossas casas, industrializados, e então transportados por longas distâncias para serem armazenados por um longo período, tudo isso a um alto custo ecológico. Por causa desse processo, perdemos a valorização das mudanças das estações e dos ciclos da vida, mas alguns de nós estão se reconectando com a Terra através da jardinagem e da colheita silvestre.
    Muitos ecologistas urbanos têm transformado lotes cheios de entulhos em lotes verdes de jardins e hortas comunitárias. Em bairros onde as lojas mais vendem alimentos industrializados do que vegetais frescos, as hortas comunitárias fornecem uma fonte saudável de alimentação. Onde o ar está sufocado com poluentes indutores de asma, as árvores nesses jardins comunitários produzem oxigênio. Em áreas dominadas por tijolos, concreto e asfalto, os jardins comunitários fornecem um oásis de plantas, espaços abertos, e locais onde as comunidades podem se reunir, trabalharem juntas, dividirem alimento, crescerem juntas, e derrubar as barreiras que mantêm as pessoas longe uma das outras, em uma sociedade onde cada vez mais estamos isolados e distantes uns dos outros.
    Os chamados colhedores silvestres nos mostram que podemos nos alimentar sem os supermercados, e tratar nossas doenças sem farmácias, nos familiarizando com as plantas comestíveis e medicinais que crescem ao nosso redor. Até mesmo parques e praças podem nos fornecer alimentos e medicamentos, nos dando uma nova visão à realidade de que nosso sustento vem ultimamente não das comidas fabricadas pelas corporações, mas da própria Terra. Outras pessoas vão além disso, se tornando ferais, se mudando das cidades e centros urbanos para morarem em comunidades alternativas e ecovilas baseadas em técnicas primitivas de sobrevivência.
    Transporte Ecológico
    Os freegans têm ciência dos desastrosos impactos ecológicos e sociais dos automóveis. Todos sabemos que os automóveis causam a poluição, que é criada através da queima do petróleo, mas normalmente ninguém pensa nos fatores destrutivos como florestas serem destruídas para a construção de estradas onde antes havia vida selvagem, e nas constantes mortes de seres humanos e de animais. Além do mais, o atual uso massivo do petróleo gera o estímulo econômico que acarreta guerras e mortes como as do Iraque e em todo o mundo. Por isso, os freegans optam por não utilizarem carros sempre que possível. Ao invés disso, usamos outros métodos de transporte incluindo caminhadas, andar de bicicleta, skate, ou caronas. A carona enche os espaços de um carro que não seria utilizado, portanto essa prática nada adiciona ao consumo de carros e de gasolina como um todo.
    Alguns freegans acham alguns usos de carro inevitáveis, mesmo assim tentamos eliminar nossa dependência de combustíveis fósseis, por isso em alguns países algumas pessoas adaptam seus veículos para funcionarem a óleos vegetais, utilizando inclusive óleo de fritura de restaurantes - outro exemplo do uso do que seria jogado fora para um uso prático. Em vários países existem grupos de voluntários que incentivam e dão assistência às pessoas para converterem seus carros a gasolina, diesel ou álcool para funcionarem a base de óleo vegetal.
    Moradia Livre de Aluguel (Squat)
    Os freegans acreditam que a moradia é um DIREITO e não um privilégio. Assim como os freegans acham uma atrocidade milhares de pessoas passarem fome enquanto toneladas de alimento são desperdiçadas, achamos absurdo as pessoas se matarem de trabalhar para pagar aluguel ou literalmente morrerem de frio nas ruas enquanto existem inúmeras casas e prédios ociosos simplesmente porque seus proprietários não vêm lucro em disponibilizar esses espaços para moradia.
    Squats são os locais onde as pessoas (os chamados "ocupas") reabilitam imóveis abandonados e mal cuidados. Os ocupas acreditam que as verdadeiras necessidades humanas são muito mais importantes do que as noções abstratas de propriedade privada, e que aqueles que defendem seus direitos legais onde a moradia é vitalmente necessária, não merecem possuir esses imóveis. Além de áreas de moradia, os squats são convertidos também em centros comunitários com programas incluindo atividades educativas, educação ambiental, locais de encontros de organizações comunitárias, e muito mais.
    Recuperação do que é Desperdiçado
    Vivemos em um sistema econômico onde as empresas só avaliam a terra e seus recursos baseadas em sua capacidade de gerarem lucro. Os consumidores são constantemente bombardeados com propagandas que dizem para jogarem fora o que já possuem para trocá-los por novos produtos, simplesmente porque é essa atitude que aumenta as vendas. Essa prática produz uma quantidade de lixo tão grande que muitas pessoas podem se alimentar e viver unicamente desse lixo. Como freegans nós coletamos esse lixo ao invés de comprar produtos novos para não sermos consumidores desperdiçadores, para desafiarmos politicamente a injustiça que é permitir que recursos vitais sejam desperdiçados enquanto milhares de pessoas são carentes das mais básicas necessidades como alimentação, vestuário, e moradia, e reduzir o lixo (utilizável) que iria para aterros sanitários e incineradores que aliás, são sempre situados nas periferias das cidades, onde causam problemas de saúde como asma ou câncer.
    Talvez a estratégia freegan mais comum seja a chamada "pilhagem urbana" ou "mergulho em lixeiras". Essa técnica consiste em buscar no lixo de varejistas, residências, escritórios, e outros locais, por bens utilizáveis. Apesar dos estereótipos impostos na nossa sociedade sobre o lixo, o que os freegans encontram são coisas utilizáveis e limpas, e em perfeitas ou quase que perfeitas condições de uso, um sintoma da cultura descartável que nos encoraja a constantemente trocar o que já possuímos por produtos novos, e onde os comerciantes dispõem um grande volume de produtos como parte de seu modelo econômico. Alguns freegans fazem suas procuras sozinhos, outros vão em grupos, mas quase sempre as descobertas são divididas entre outros e com qualquer pessoa que interessada. Grupos como o Food Not Bombs (Comida, e não Bombas) recuperam alimentos que provavelmente iriam para o lixo e os utilizam para preparar refeições coletivas em locais públicos.
    Recuperando os descartes de supermercados, feiras, escolas, residências, hotéis, ou qualquer lugar, através da técnica de vasculhar o lixo, os freegans encontram alimentos, livros e revistas, cds, móveis, roupas, eletro-domésticos e outros equipamentos eletrônicos, produtos de uso animal, jogos, brinquedos, bicicletas, e praticamente qualquer tipo de bem consumível. Ao invés de contribuirem com o desperdício, os freegans reduzem o lixo e a poluição, diminuindo assim o volume total de lixo nessa tendência ao desperdício.
    Muitos itens utilizáveis também podem ser encontrados gratuitamente e divididos com os outros em sites como Freecycle e em redes de trocas. Para colocar a disposição itens úteis, procure redes de trocas perto de você. Nessas redes de trocas, as pessoas dividem o que possuem com as outras. Elas dão e recebem, sem a utilização de qualquer dinheiro. Quando os freegans precisam comprar, compramos de segunda-mão, o que reduz a produção, ajudando assim a reutilizar e reduzir o que provavelmente seria jogado fora, sem financiar uma nova produção.
    Diminuição do Desperdício
    Por causa das nossas frequentes coletas de lixo de nossa sociedade descartável, os freegans estão cientes e aborrecidos pelas enormes quantidades de desperdício que um consumidor brasileiro gera todos os dias, assim não querem fazer parte do problema. Por isso, os freegans escrupulosamente reciclam, compostam matéria orgânica no solo para produzir adubo, e sempre que possível consertam o que têm ao invés de jogarem fora e comprar algo novo. Tudo que é utilizável nós distribuímos para nossos amigos ou doamos.
    Trabalhando Menos / Desemprego Voluntário
    Quanto de nossas vidas nós sacrificamos para pagarmos contas e comprar mais coisas? Para muitos de nós, trabalhar significa sacrificar nossa liberdade para obedecer ordens de outros, significa estresse, chateação, monotonia e em muitos casos, arriscar nossa bem-estar físico e psicológico.
    Uma vez que percebemos que não são só alguns produtos que são ruins ou algumas companhias odiosas que são responsáveis pelos abusos sociais e ecológicos em nosso mundo, mas sim todo o sistema em que estamos trabalhando, começamos a perceber que, como trabalhadores, nós somos a engrenagem nessa máquina de violência, morte, exploração e destruição. O funcionário de um abatedouro que corta o pescoço de um boi é menos responsável pela crueldade que ocorre na criação de animais do que o funcionário da fazenda onde eles são criados? E o publicitário que descobre como fazer o produto mais aceitável? E o contador que trabalha para um açougue para fazê-lo continuar vendendo? Ou o trabalhador da indústria que fabrica os refrigeradores para conservar a carne? E é sempre, claro, o presidente das corporações que carregam toda a responsabilidade por tudo isso, por tomarem as decisões que causam toda a destruição e desperdício. Você não precisa possuir uma ação de uma corporação ou possuir uma fábrica ou uma indústria química para carregar a culpa.
    Sanando as necessidades básicas como alimentação, moradia, vestuário e transporte sem gastar um centavo sequer, os freegans são capazes de reduzir enormemente ou completamente eliminar a necessidade de constantemente estarem trabalhando. Ao invés disso, podemos dedicar nosso tempo livre cuidando de nossas famílias, nos voluntariando em nossas comunidades, e nos juntar a grupos de ativismo que lutam contra as práticas das corporações que por outro lado poderiam estar nos controlando no trabalho. Para alguns, o desemprego total é uma opção, mas limitando nossas necessidades financeiras, até mesmo aqueles de nós que precisam trabalhar podem estabelecer limites conscientes no tanto que cada um trabalha, assumindo total controle de nossas vidas, e escapando da constante pressão de ganhar um salário no final do mês. Mas, mesmo se precisamos trabalhar, não precisamos conceder total controle aos nossos patrões. O espírito freegan da cooperação também pode se estender dentro do local de trabalho, como parte de uniões trabalhistas.
    4 de maio de 2008 12:14
Anônimo disse...

    Ruth: sinto muito pela cidade, au amo Araguaina, viver a maior parte dos meus anos ai,meus pais moram ai ainda, é uma pena o que a chuva está fazendo com minha amada cidade.
    24 de abril de 2009 13:26



Nenhum comentário:

Postar um comentário