Escola Estadual Modelo
Professor. Francisco Eudo Lima Ribeiro
Revolução Inglesa 8° Ano 2017- 1° Bimestre
TEXTO 1
Nos primórdios da Idade Média, a região da Bretanha
foi invadida pelas tribos dos anglos e saxões. No século XI, por volta de 1060
os normandos do norte da França invadiram as ilhas britânicas sob a liderança
do rei Guilherme, o Conquistador. Na batalha de Hastings, ocorrida em 14 de
outubro de 1066, chegou ao fim a hegemonia dos anglo-saxões na região. No
entanto, o longo período de hegemonia bárbara favoreceu a consolidação dos
poderes locais consolidados sob a lógica feudal.
A Inglaterra teve seu processo de centralização política iniciado a partir da Baixa Idade Média, momento em que a Bretanha estava politicamente dividida em quatro reinos distintos. Sob o comando do rei Henrique II, o processo de unificação territorial foi iniciado com relativa eficácia durante o século XII. No governo seguinte, comandado pelo rei Ricardo Coração de Leão, diversas lutas contra os franceses e o envolvimento nas Cruzadas enfraqueceram o papel da autoridade monárquica.
A Inglaterra teve seu processo de centralização política iniciado a partir da Baixa Idade Média, momento em que a Bretanha estava politicamente dividida em quatro reinos distintos. Sob o comando do rei Henrique II, o processo de unificação territorial foi iniciado com relativa eficácia durante o século XII. No governo seguinte, comandado pelo rei Ricardo Coração de Leão, diversas lutas contra os franceses e o envolvimento nas Cruzadas enfraqueceram o papel da autoridade monárquica.
A falta de um rei presente e os grandes
custos gerados com os gastos em guerras e conflitos motivou a classe
nobiliárquica a impor um documento limitando às funções régias. No ano de 1215,
o rei João Sem Terra ficou em uma situação delicada quando foi obrigado a
assinar a Magna Carta, que impedia o rei de criar novos impostos ou alterar
leis sem a aprovação do Grande Conselho, um órgão formado por integrantes da
nobreza e do clero.
A criação do Grande Conselho foi considerada por muitos historiadores como um elemento que impediu a formação de um governo tipicamente absolutista na Inglaterra. Ao ingressar na Guerra dos Cem Anos, entre os séculos XIV e XV, os exércitos e a autoridade monárquica britânica passaram a ser prestigiadas mediante as sucessivas vitórias obtidas nesse confronto contra os franceses. Além disso, as revoltas camponesas do século XIV também contribuíram com o enfraquecimento das autoridades locais.
Com o fim da Guerra dos Cem Anos, a política inglesa ainda sofreu um sério abalo.
A criação do Grande Conselho foi considerada por muitos historiadores como um elemento que impediu a formação de um governo tipicamente absolutista na Inglaterra. Ao ingressar na Guerra dos Cem Anos, entre os séculos XIV e XV, os exércitos e a autoridade monárquica britânica passaram a ser prestigiadas mediante as sucessivas vitórias obtidas nesse confronto contra os franceses. Além disso, as revoltas camponesas do século XIV também contribuíram com o enfraquecimento das autoridades locais.
Com o fim da Guerra dos Cem Anos, a política inglesa ainda sofreu um sério abalo.
Anglo-saxão
é a denominação dada à fusão dos povos germânicos (anglos, saxões e jutos) que se
fixaram no sul e leste da Grã-Bretanha
no século
V, e a criação da nação inglesa, para a conquista normanda da Inglaterra
de 1066.[1]
Em relação aos saxões, podemos dizer que eram um antigo povo da Germânia,
habitantes da região próxima da foz do rio
Álbis (atual Elba)
e correspondente à atual região de Holstein na Alemanha. O
indivíduo desse povo é o saxônico, saxônio ou saxão.
Teoria Absolutista
Durante os séculos XVI e XVII,
diversos pensadores buscaram justificar o poder absoluto dos monarcas. A
principal obra de Nicolau Maquiavel, O príncipe, escrita para
responder a um questionamento a respeito da origem e da manutenção do poder,
influenciou os monarcas europeus, que a utilizaram para a defesa do
absolutismo.[5] Maquiavel defendia o Estado como
um fim em si mesmo, afirmando que os soberanos poderiam utilizar-se de todos os
meios - considerados lícitos ou não - que garantissem a conquista e a
continuidade do seu poder. As ações do Estado são regidas, sobretudo, pela
racionalidade.
Jean Bodin, sua obra foi Os seis livros
da República, associava o Estado à própria célula familiar, colocando o
poder real como ilimitado, comparado ao chefe de família.
Jacques
Bénigne Bossuet,
contemporâneo de Luís XIV, foi um dos maiores defensores do absolutismo e,
simultaneamente, do "direito
divino dos reis";
em sua obra Política Segundo a Sagrada Escritura afirmava
que a Monarquia era a origem divina, cabendo aos homens aceitar todas as
decisões reais, pois questioná-las transformá-los-ia não somente em inimigos
públicos, mas também em inimigos de Deus.
Thomas Hobbes, autor de Leviatã, proclamou que, em seu estado
natural, a vida humana era "solitária, miserável, desprezível, bestial e
breve"; buscando escapar da guerra de todos contra todos, os homens
uniram-se em torno de um contrato para formar uma sociedade civil, legando a um
soberano todos os direitos para protegê-los contra a violência. Hobbes defende
a teoria de que um rei só poderia subir ao trono pela vontade do povo e não
pela vontade divina. A Monarquia é justificada pelo consenso social.
Hugo Grócio é considerado um dos precursores
do direito universal, pois defendia que, se todos os países adotassem o
absolutismo, seria possível se estabelecer um sistema único de legislação. Sua
principal obra foi 'Direito de Paz e de Guerra'
Revolução Inglesa
·
Antecedentes:
absolutismo monárquico das dinastias Tudor e Stuart
Durante grande parte do século XVI, a burguesia
inglesa esteve bem articulada com os nobres e os reis pertencentes à dinastia
Tudor (Henrique VIII e sua filha Elizabeth), que consolidaram a Reforma
Anglicana. A reforma religiosa de Henrique VIII proporcionou
grandes benefícios financeiros tanto para nobres quanto para burgueses da
Inglaterra. Isso porque teve início o processo de conversão da antigas terras
feudais, de domínio da Igreja Católica, em propriedades privadas, o que
possibilitou a formação dos cercamentos e dos arrendamentos que foram vendidos
aos burgueses que pretendiam explorar minas de carvão ou praticar alguma
atividade agrícola.
Além disso, a ruptura com a Igreja Católica (que
não era apenas uma instituição com poder espiritual, mas detentora de um poder
político continental, ao qual boa parte das Coroas europeias estava ligada)
dispensou a Inglaterra de pagar tributos para Roma, bem como colocou a marinha
inglesa em flagrante rivalidade com os navios dos países católicos, sobretudo
com os espanhóis. Muitos piratas ingleses, conhecidos como “lobos do mar”,
atacavam navios espanhóis e levavam sua mercadoria (na maior parte das vezes,
metais preciosos) para Inglaterra, o que contribuía para o aquecimento do
mercado interno do país.
Como se vê, as principais ações políticas dos
Tudor acabaram proporcionando uma grande ascensão da burguesia, de modo que no
fim do século, na década de 1590, os burgueses já tinham grande força
representativa na chamada Câmara dos Comuns (uma das câmaras
do Parlamento Inglês, que tinha como oposição a Câmara dos Lordes,
isto é, dos nobres apoiadores da Coroa). O problema é que essa força adquirida
pela burguesia estava associada ao puritanismo (o
calvinismo inglês), que era a religião que mais atraía a burguesia e
que dava suporte ideológico para o radicalismo político antiabsolutista.
Somou-se a isso o fato de que os nobres e a Coroa
viam-se ameaçados pela capacidade da burguesia puritana de acumular riquezas.
Enquanto a renda da burguesia era oriunda do trabalho e de investimentos
financeiros, a renda dos nobres advinha de privilégios hereditários, da
cobrança de impostos e da formação de monopólios estatais ao modo
mercantilista. Os monarcas que sucederam os Tudor, isto é, os Stuart,
perceberam que, se não freassem a burguesia no campo político, a estrutura
monárquica estaria fadada à ruína.
O primeiro monarca da dinastia Stuart foi Jaime
I, que governou de 1603 a 1625. Para tentar adequar a Coroa à nova
realidade financeira da Inglaterra e controlar a ascensão da burguesia, Jaime I
passou a tomar duas medidas principais: 1) aumento de impostos e
estabelecimento de empréstimos forçados; e 2) a formação de monopólios estatais
como forma de participação nos rendimentos dos negócios burgueses. Além disso,
Jaime deflagrou uma perseguição religiosa aos puritanos. Confrontado pela
Câmara dos Comuns, dissolveu o Parlamento, que ficou inativo de 1614 a 1622.
Com a ascensão de Carlos I,
filho de Jaime, ao trono, em 1625, houve uma nova tentativa de acordo entre a
Coroa e o Parlamento para que houvesse um novo aumento de impostos. A Câmara
dos Lordes ficou a favor do rei, mas a Câmara dos Comuns novamente o
confrontou. O rei decidiu então dissolver novamente o Parlamento, que ficou inativo
até 1640. Em 1640, Carlos I entrou em um novo conflito contra a Escócia e
precisou novamente do tributo dos burgueses para bancar a guerra, convocando,
assim, mais uma vez, o Parlamento. Novamente a Câmara dos Comuns recusou-se a
ajudá-lo. Mas ao contrário do que ocorrera antes, os burgueses puritanos
prepararam-se para um enfrentamento total contra o rei e a nobreza.
Um líder radical puritano chamado Oliver
Cromwell organizou um exército burguês conhecido como exército dos “Cabeças
redondas” por se recusarem a usar as perucas dos nobres. Esse exército
deflagrou guerra contra a Coroa, que foi defendida pelos “Cavaleiros”,
isto é, o exército tradicional da nobreza. Teve assim início a Revolução
Puritana, ou Guerra
Civil Inglesa.
- Revolução
Puritana e
Guerra Civil (1640-1649)
A guerra civil entre a burguesia puritana e a Coroa
ficou mais intensa quando, em 1642, Oliver Cromwell convocou a base da pequena
burguesia e de camponeses para formar o Novo Exército Modelo (New
Model Army). Nessa base, destacaram-se os Diggers e Levellers,
que se caracterizaram por sua radicalidade política em assuntos como reforma
agrária (Diggers) e igualdade de diretos entre todos os cidadãos (Levellers).
Com o Novo Exército Modelo, Cromwell conseguiu esmagar as forças da Coroa. Em
1649, a ala radical burguesa exigiu a decapitação de Carlos I, que ocorreu no
dia 31 de janeiro.
- “República”
de Oliver Cromwell (1649-1658)
Em 19 de maio de 1649 foi proclamada a República, e
Cromwell recebeu do Parlamento o título de Lord Protector (Lorde
Protetor da República). Muitas transformações políticas operadas por Cromwell
beneficiaram a burguesia que foi por ele liderada na Guerra Civil. Uma dessas
transformações foi possibilitada pelos chamados Atos de Navegação,
aprovados em 1650, que restringiam o transporte de produtos ingleses apenas aos
navios da própria Inglaterra.
No entanto, a exemplo dos monarcas autoritários que
havia combatido, Cromwell acabou por se voltar contra o Parlamento. Em 1653,
ele o dissolveu com o auxílio do Exército burguês e instituiu uma ditadura
aberta, que teve como característica principal a execução das lideranças que o
ajudaram a formar esse mesmo Exército, isto é, os Diggers e Levellers, como diz
o historiador Christopher Hill, em sua obra A Revolução Puritana de 1640:
A história da revolução inglesa
de 1649 a 1660 pode ser contada em poucas palavras. O fuzilamento por Cromwell
dos Levellers, em Burford, tornou absolutamente inevitável a restauração da
monarquia e dos senhores, pois a ruptura entre a grande burguesia e a pequena
nobreza, por um lado, e as forças populares, por outro, significava que o seu
governo só poderia ser mantido por um exército (o que, a longo prazo, provou
ser extraordinariamente dispendioso e de difícil controle) ou por um
compromisso com os representantes da velha ordem que restavam. [1]
Um tempo mais tarde, em 1657, Cromwell propôs um
novo acordo com os parlamentares e reabilitou o Parlamento inglês. Todavia,
antes que esse acordo pudesse vigorar, Cromwell faleceu (1658). Em seu lugar,
assumiu seu filho, Richard Cromwell, que não tinha o mesmo prestígio que
o pai, sobretudo frente às classes mais radicais da burguesia. Temendo um
levante popular e uma nova guerra civil, o Parlamento fez uma manobra
arriscada: convocou Carlos II, filho do rei decapitado, para assumir o
trono e restaurar a dinastia dos Stuart.
- Restauração
da dinastia Stuart (1660-1688)
Em 1660, Carlos II assumiu o trono prometendo
respeitar os interesses do Parlamento. Mas logo começou a se articular com
antigas lideranças da nobreza para restaurar o absolutismo, aproximando-se da
França de Luís XIV. Entretanto, a realidade social já era bem diferente
de quando seu pai havia reinado e, não conseguindo uma nova composição
tradicional, Carlos II iniciou uma ampla perseguição religiosa contra os
calvinistas. Essa perseguição tinha como pano de fundo também a aproximação de
Carlos II de membros da Igreja Católica. Apesar de anglicanos, os Stuart mantinham
boas relações com os membros do clero, os quais ainda possuíam grande
influência social, além de posse de terras.
O Parlamento, composto por maioria puritana, ao
repudiar as ações de Carlos, viu-se novamente vítima do autoritarismo: o
monarca dissolveu-o em 1681 e governou sozinho até a sua morte, em 1685. Seu
filho, Jaime II, assumiu o torno, reativou o Parlamento, mas procurou dar
seguimento às ações do pai, no que se refere à restauração do absolutismo. No
entanto, Jaime II foi mais além, convertendo-se ao catolicismo e decretando uma
série de medidas que beneficiavam os católicos, como a isenção de impostos.
Novamente, a reação do Parlamento foi imediata. Temendo que Jaime reivindicasse
apoio da França, os membros do Parlamento trataram de organizar uma manobra
política que evitasse um possível conflito armado.
- Revolução
Gloriosa e a fundação da Monarquia Parlamentarista
A manobra consistiu na convocação da filha de Jaime
II, Maria II, à época casada com Guilherme de Orange, governador
dos Países Baixos, para assumir com o marido o trono da Inglaterra. Guilherme
de Orange, inicialmente, não viu com bons olhos o plano, imaginando que sua
esposa, como herdeira legítima, teria mais poderes que ele. Contudo, mesmo
assim, ainda em 1688, Guilherme invadiu a Inglaterra com seu exército para
depor Jaime II e apoiar o Parlamento. A Cavalaria da nobreza, que também estava
descontente com o rei, em vez de defendê-lo, aliou-se a Guilherme. A Jaime II,
já sem defesa alguma, Guilherme de Orange permitiu a fuga para a França, onde o
monarca permaneceu exilado até o último dia de vida.
Guilherme de Orange assumiu o trono inglês como Guilherme
III. Por sua ação militar não ter resultado em guerra e derramamento de
sangue, ela recebeu o nome de Revolução Gloriosa. O Parlamento, contudo,
estabeleceu diretrizes novas para Guilherme e Maria antes de coroá-los. Ambos
os reis tiveram que se comprometer a cumprir a chamada Declaração de
Direitos de 1689 (Bill Of Rights). A Declaração de Direitos limitava
a ação dos reis, de modo a impedir qualquer retorno do absolutismo. Os reis
passaram a ter o poder restrito, e o poder de decisão política concentrou-se no
Parlamento, formando-se, assim, uma Monarquia Parlamentarista. Além
disso, havia o comprometimento com as liberdades individuais, principalmente
com a liberdade de crenças religiosas.
NOTAS
[1] HILL, Christopher. A Revolução Inglesa de 1640.
Trad. Wanda Ramos. Lisboa: Editorial Presença; São Paulo: Livraria Marins
Fontes, 1985. p. 101.
Nenhum comentário:
Postar um comentário