Texto de História, para os alunos que não tem livro- 7° Ano
Texto referente ao Capitulo 5
O Império de Axum ou Aksum (também
chamado de Reino de Axum/Aksum) foi um reino africano que se tornou conhecido
pelos povos da região, incluindo o Mediterrâneo, por volta do século I. Tinha a
sua capital na cidade de Axum, na atual Etiópia, embora as cidades mais
prósperas fossem os portos do mar Vermelho de Adúlis e Matara, na actual
Eritreia. Tal como, mais tarde, os reis da Etiópia acreditavam ser descendentes
do rei Salomão e da rainha de Sabá, os monarcas axumitas tinham a mesma crença.
A cidade de Axum foi aparentemente
fundada por volta de 100 d.C., mas a região circundante é habitada há
milênios.2 A terra de Punt, mencionada pelos antigos egípcios como fonte de
mirra, localizava-se possivelmente na zona de Axum.2 Por volta de 500 aC surgiu
na área uma cultura pré-Axumita, chamada Da'amat, com ligações culturais com o
sul da vizinha península Arábica.2 De fato, desde o segundo milênio a.C. até o
século IV d.C., a região de Axum foi colonizada por imigrantes sabeus vindos da
península Arábica. A influência da cultura dos sabeus é vista na arquitetura e
na língua do império, o ge'ez.
A partir deste contexto, Axum foi
sede de um dos estados mais poderosos da região entre o Império Romano do
Oriente e a Pérsia, cujo poder estendeu-se do século I ao XIII d.C.3 O auge da
cidade e do Império de Axum ocorreu no século IV d.C., quando o território
controlado abrangia a atual Etiópia, o sul do Egipto e parte da Arábia, no sul
do atual Iêmem.3 O comércio marítimo, com rotas que chegavam até o Ceilão, era
realizado através do porto de Adúlis (na atual Eritreia).3 Segundo o autor
grego anônimo do "Périplo pelo mar da Eritreia", datado do século I
d.C., Adúlis exportava escravos, marfim e cornos de rinoceronte.2 Relações comerciais
foram mantidas com a então província romana do Egipto desde o século I e com a
Índia a partir do século III; o comércio continuou com o Egipto, Síria e o
Império Bizantino até o século VII.2 A área da cidade chegou a cobrir 250 acres
e estima-se que a população alcançou 20.000 pessoas no seu auge.2 A desaparição
do império de Meroé, por volta de 320 d.C., pode estar relacionado ao
crescimento de Axum, que com isso pôde redirecionar o comércio de marfim do rio
Nilo ao porto de Adúlis.2 Sinal da importância econômica da cidade foi a
cunhagem de moedas, que começou no século III e continuou até o século VII.
Durante os primeiros séculos do
primeiro milênio d.C. foram levantados, no campo de Mai Hedja, grandes estelas
de pedra que recordavam grandes reis. Essa prática, que durou até cerca de 330
d.C., terminou na época do rei Ezana, que converteu-se ao cristianismo. Em
total há 126 obeliscos em Axum, incluído o de maior tamanho conhecido, quase
todos atualmente caídos e partidos em pedaços.
Segundo a história contada por
Teodoreto5 , que se refere aos eventos como passando na Índia, um homem de
Tiro, interessado em comerciar com a Índia, partiu em viagem com seus dois
sobrinhos. O barco, porém, foi atacado por bárbaros, que mataram quase todos a
bordo. Seus sobrinhos, Edésio (Ædesius) e Frumêncio (Frumentius), foram levados
como escravos ao rei do país, que, percebendo sua inteligência, os promoveu a
superintendentes do reino. Eles eram cristãos, e continuaram servindo ao reino
após a morte do rei e a ascensão ao trono do seu filho. Após algum tempo, eles
pediram para voltar para seu país, e voltaram a território romano. Edésio foi
para Tiro, mas Frumêncio para Alexandria, onde informou que os indianos estavam
ansiosos para ganhar a luz espiritual. Atanásio, o bispo, disse que não havia
ninguém melhor que o próprio Frumêncio para a missão, nomeou-o bispo, e
enviou-o de volta.
Com base na história de Teodoreto e
outras evidências, considera-se que o cristianismo foi adotado como religião
estatal de Axum em 330, o que criou laços religiosos com o Egito (então
cristão) e Constantinopla. O rei Ezana foi convertido ao cristianismo por
Frumêncio, um monge sírio que foi mais tarde feito bispo pela Igreja Copta
egípcia.2 A partir dessa época, os reis cristãos de Axum construíram palácios e
igrejas, entre estas a primeira Igreja de Santa Maria, levantada em finais do
século IV, segundo uma lenda, na área de um lago que secou milagrosamente.2
Achados arqueológicos e antigos textos mostram que a cidade contou com palácios
e casas nobres de pedra com vários andares, mas a maioria das moradas em Axum
eram de barro e cobertas de palha.
Segundo a tradição religiosa da
Igreja Ortodoxa Etíope, recolhida na obra Kebra Nagast (século XIII), foi de
Axum que partiu Makeda, a rainha de Sabá, para visitar o rei Salomão em
Jerusalém.6 Ainda segundo a tradição, da união entre ambos nasceu Menelik, que
após visitar o pai trouxe à Etiópia a Arca da Aliança, que até hoje estaria
numa capela do complexo da Igreja de Santa Maria de Sião.
A partir do século VII se inicia a
decadência de Axum, primeiro devido à instabilidade comercial causada pelas
disputas entre bizantinos e os persas do Império Sassânida e, após 632, pela
expansão dos domínios dos árabes muçulmanos.2 Apesar de que as relações com os muçulmanos
foram inicialmente amistosas, a partir do século VII a ascensão da dinastia
omíada causou seu declínio final. Os árabes dominaram o comércio do mar
Vermelho, conquistando Adúlis e cortando as rotas comerciais do Império de
Axum.2 A produção agrícola caiu, provavelmente por problemas ambientais e de
excessiva exploração da área circundante da cidade, que nos finais do século
VIII foi reduzida a um vilarejo.2 As elites abandonaram a cidade, assim como os
reis, que transferiram a capital ao sul. Apesar haver mantido sua importância
simbólica, especialmente religiosa, os líderes da igreja etíope deixaram a
cidade na metade do século X.2
Decadência
Após um longo período de obscuridade,
Axum começa a reviver a partir do século XV. A Igreja de Santa Maria de Sião
foi reconstruída em 1404, e novos bairros de moradia foram criados no século
XVI.2 Porém, em 1535, a cidade foi invadida e destruída pelo chefe militar
somali Ahmad ibn Ibrihim al-Ghazi. Nos séculos seguintes, Axum foi vítima de
pragas de gafanhotos, cólera e fome que dizimaram a população.2 A importância
simbólica para a religião e realeza etíope, porém, nunca foi esquecida.
O Islamismo é a religião com o maior
número de adeptos na África, seguido do Cristianismo, de acordo com a World
Book Encyclopedia. Apesar disso, o número exato de pessoas que praticam esta
religião é desconhecido, pois as pesquisas demográficas no continente são
incompletas. Segundo a Encyclopedia Britannica, a África é constituída por 45%
de muçulmanos, 40% de cristãos e menos de 15% de ateus, ou que seguem cultos
africanos.
Reinos africanos sob a influência islâmica
O Islã foi introduzido no continente
africano pouco depois de seu surgimento, e diversos reinos islâmicos se
estabeleceram no continente durante os períodos seguintes, continuando seu
rápido crescimento através do século XX e no século XXI, com uma taxa de
crescimento, por algumas estimativas, que é duas vezes mais rápido do
Cristianismo na África2 O islamismo na África está aumentando paralelamente aos
falantes das línguas bantu, que costumam seguir o Islão na África central e na
oriental. [carece de fontes] As divergências entre as religiões islâmica e
cristã têm sido a causa de diversos conflitos, sobretudo em países onde não há
maioria absoluta por parte de nenhuma das religiões, como na Tanzânia, Nigéria
e Costa do Marfim.
Norte da África
A expansão muçulmana no norte da
África pode ser datada do século VII, quando chegaram ao Egito muçulmano da
Península Arábica, a partir da expansão do Califado Omíada. Estes árabes
muçulmanos tiveram que enfrentar a resistência dos exércitos bizantinos, bem
como dos povos berberes. No século X, a busca por ouro levou o avanço egípcio à
região da Líbia, estendendo a influência islâmica e a cultura árabe para
aquelas partes. A expansão da influência muçulmana teve como consequência o
surgimento de novos califados. Em algumas regiões, simultaneamente à adoção da
religião islâmica, a presença árabe se tornou mais marcante, pois foram
adotados igualmente outros aspectos da cultura árabe, como o idioma. Com o
passar do tempo, estas regiões adquiriram exércitos de escravos e fortaleceram
seus poderes. Assim, foram se tornando áreas autônomas.
Por volta do século VII, o Egito
invadiu a Núbia - um reino cristão - e, três séculos depois exigiu a conversão
do reino ao Islã. O processo de conversão do reino da Núbia foi marcado por
enfrentamento militar e diversos conflitos.
Entretanto, ao mesmo tempo em que o
islamismo foi se expandido por conta das conquistas árabes, sabe-se que esta
religião não permaneceu a mesma. O Islã sofreu diferentes modificações durante
a conversão das diversas populações africanas. Este processo é conhecido como a
"africanização" do Islã, em que, ao mesmo tempo em que os africanos
se convertiam, levavam para o Islã traços de suas culturas originais.
África ocidental
A islamização da África ocidental não
se deu a partir de conquistas territoriais. O fator principal da expansão
muçulmana nesta região foi o comércio transa ariano, que envolvia a África
ocidental e o norte do continente. O processo ocorreu após a consolidação da
conquista árabe ao norte, iniciando-se a partir do século IX. Esse comércio
envolvia a captura de escravos que eram levados ao norte do continente. Esse
tráfico de escravos teve inicio com as guerras santas, incluídas no processo de
expansão do islamismo para o Norte da África e para a Europa mediterrânica.
Séculos XVIII e XIX
Começa no século XVIII umas nova fase
da islamização africana5 . A demanda por escravos gerada pelo comércio
transatlântico de escravos resultou no surgimento de novos Estados no litoral
africano e de elites comerciantes muçulmanas. Parte dos escravos vendidos eram
também muçulmanos, que podiam ser considerados como "impuros" devido
à coexistência de rituais politeístas com práticas islâmicas. Nesta época,
havia uma forte relação entre o comércio e a religião, o que propiciou a
expansão desta.
No século XIX, o colonialismo
principalmente francês e britânico concorreu com os Estados islâmicos
independente. Estes Estados não reagiram de maneira uniforme, havendo variações
de região para região. Na luta contra a influência europeia, havia a presença
de muçulmanos e de elites ocidentalizadas em consequência da própria
colonização.
A Costa oriental por muito tempo foi
parte de rotas comerciais que ligavam o Oriente Médio e o norte da África até o
Extremo Oriente. As trocas comerciais favoreciam o contato com diferentes
ideias e a circulação de pessoas trouxe o islamismo para esta região da África.
O avanço da islamização teve como consequência o surgimento de algumas
populações muçulmanas na costa oriental. No século XI fundou-se uma dinastia
islâmica em Quíloa, na costa da atual Tanzânia
Costa oriental
A Costa oriental por muito tempo foi
parte de rotas comerciais que ligavam o Oriente Médio e o norte da África até o
Extremo Oriente. As trocas comerciais favoreciam o contato com diferentes
ideias e a circulação de pessoas trouxe o islamismo para esta região da África.
O avanço da islamização teve como consequência o surgimento de algumas
populações muçulmanas na costa oriental. No século XI fundou-se uma dinastia
islâmica em Quíloa, na costa da atual Tanzânia.
Charia
A lei Charia influencia fortemente o
código legal na maioria dos países islâmicos, mas a extensão do seu impacto
varia muito. Na África, a maioria dos países limita o uso de Charia às leis que
regem o estado civil do indivíduo para questões como casamento, divórcio, herança
e custódia dos filhos. Com as exceções de Nigéria e da Somália e da recente
separação do Sudão, o secularismo não parece enfrentar qualquer ameaça grave na
África, apesar de que o novo renascimento islâmico tem tido um grande impacto
sobre segmentos muçulmanos da população, como é o caso dos países africanos da
primavera árabe, o Egito, a Tunísia e a Líbia. A coabitação ou convivência
entre muçulmanos e não-muçulmanos continua a ser, em sua maior parte, pacífica.
A Nigéria é o lar da maior população muçulmana
da África Subsariana. Em 1999, no norte da Nigéria estados adotaram a Charia
para o código penal, mas as punições têm sido raras. Na verdade, dezenas de
mulheres condenadas por adultério e condenadas ao apedrejamento até a morte
foram posteriormente libertadas. O Egito, um dos maiores países muçulmanos na
África, afirma a Charia como principal fonte de sua legislação, mas seus
códigos penal e civil são baseados em grande parte no direito francês.
Os muçulmanos na África em geral
pertencem à denominação sunita, embora haja também um número significativo de
seguidores xiitas e Ahmadiyya. Além disso, o Sufismo, a dimensão mística do
Islã, também tem uma presença. A maddhab Malik é a escola dominante de
jurisprudência entre a maioria das comunidades sunitas do continente, enquanto
a maddhab Shafi'i é prevalente no Chifre da África, Egito oriental, e da
CostaSuaíli. O fiqh Hanafi também é seguido no oeste do Egito.
IMPÉRIO DE SONGHAI
Nos primeiros séculos de nossa Era, pescadores nômades sorko se estabelecem
na grande curva do rio Níger, onde convivem e depois assimilam seus vizinhos,
os agricultores soromba. As comunidades se expandem ao longo das margens do
rio, durante os séculos 5º e 6º, integrando também os caçadores gow.
Segundo a tradição, Faran Maghan Bote
é quem primeiro consegue reunir os clãs antes dispersos. Ele institui a
dinastia dya e funda o pequeno reino de Kukia, considerado o berço do futuro
império songhai.
No início do século 10º, o rei dya
Kossoi abraça a fé islâmica e conquista a cidade de Gao (no atual Mali),
transformando-a na capital de um reino "cujos moradores professam a
religião muçulmana, enquanto os povos que a rodeiam vivem na idolatria",
na visão do historiador árabe Ibn Hawqal.
Em 1325, o reino de Kukia cai sob o
domínio do império Mali, ficando obrigado a pagar tributos. Apesar disso, Gao
continua sendo "uma das mais belas cidades dos negros e uma das mais
fartas, pois não faltam arroz, leite, aves e peixes", escreve Ibn Battuta
em seu livro Viagem ao Sudão.
Ali Kolen é como se chama o verdadeiro fundador do império songhai. Lá
pela metade do século 15, ele consegue libertar seu povo do jugo do império
Mali e toma para si o título de sonni (= senhor). No poder durante quase trinta
anos (1464-1492), o império que constrói não fica devendo nada a outros
impérios da época, dos maias, astecas ou europeus.
Com a morte de Ali, um de seus
melhores generais, chamado Mohammed, usurpa o trono do herdeiro e inaugura a
dinastia askya. É quando o império songhai alcança o seu apogeu.
Mohammed continua as campanhas
vitoriosas de seu antecessor. Sua obra principal, porém, consiste em criar uma
estrutura sólida e uma administração centralizada para os seus domínios. O
império é dividido em províncias, à frente das quais coloca gente de sua
inteira confiança.
Mohammed incentiva como ninguém
iniciativas no campo das artes e das letras. Junto com Gao, a capital
político-administrativa, Tombuctu se torna a capital do saber, uma verdadeira
"Atenas do deserto".
Eram numerosos os juízes, médicos e
sacerdotes da cidade, e o rei os pagava muito bem. Grande era a procura por
manuscritos importados, e o comércio de livros constituía um dos mais
lucrativos. A universidade de Tombuctu contava com 150 escolas com os três
níveis de ensino: primário, secundário e superior.
A cultura, porém, não é o único ponto
forte dos Songhai. Eles se destacam também no campo da economia: exploram minas
de sal, canalizam o rio Níger, perfuram poços, melhoram a produção agrícola,
unificam pesos e medidas, criam um ministério para a pesca e as florestas. Tudo
isso contribui para melhorar ainda mais o padrão de vida da população.
Outra característica dos Songhai é o
espírito cosmopolita e universal de seu império. É o que se deixa deduzir, por
exemplo, de uma oração atribuída a Konboro, rei de Djenne, em que ele pede,
entre outras coisas: "Se alguém é obrigado a deixar seu país por causa da
indigência e da miséria, que venha viver em Djenne e encontre aqui fartura e
riqueza, de modo que possa esquecer sua terra natal... Que esta cidade tenha
mais estrangeiros que nativos".
Mas nem tudo é luz no império
songhai. Aos poucos vão surgindo também problemas e injustiças. Toda essa
estrutura administrativa e cultural, para ser mantida, precisava de muito
dinheiro.
Assim, os impostos do império
"eram tão altos que só sobrava para os habitantes o necessário para
sobreviver", relatam as crônicas. O pesado fardo caía sobretudo sobre as
costas de agricultores e criadores de animais, considerados pessoas "de
uma ignorância absoluta".
As riquezas do império songhai,
sobretudo ouro e sal, acabaram despertando a ambição dos marroquinos, que já em
1584 enviaram uma primeira expedição. Fome e sede, porém, barraram os soldados
invasores no deserto.
Seis anos depois, uma nova tentativa.
O sultão marroquino envia uma expedição de 4 mil homens armados, sob o comando
do mercenário espanhol El D'Jouder.
Dessa vez, as armas de fogo se
impõem, e os Songhai são derrotados na batalha de Tondibi, em março de 1591. El
D'Jouder se instala em Tombuctu, e dali envia riquezas ao Marrocos: camelos
carregados de ouro bruto, pimenta, chifres e uma espécie de madeira usada para
tingir tecidos, além de cavalos, eunucos, anões e escravos de ambos os sexos.
A invasão transforma o panorama. A
fome toma conta de Tombuctu. A escassez de comida é tão grande que muitas
pessoas sobrevivem comendo cadáveres de animais e de seres humanos. Como se não
bastasse, surge uma peste que dizima parte da população. A situação pior dura
dois anos e obriga o povo a se desfazer de tudo o que possuía, para se manter.
Junto com a ruína econômica chega a
decadência moral. "A partir desse momento, tudo muda", escreve um
historiador. "A segurança cede lugar ao perigo, a opulência à miséria.
Distúrbios, calamidades e violência tomam o lugar da tranqüilidade. Em todo
lugar e em todas as direções se vêem roubos e guerra. A desordem é geral."
Depois de arruinar tão rica cultura,
os marroquinos se retiram. Em 1670, o povo dos Bambara conquista Tombuctu,
enquanto os Tuareg ocupam Gao, a capital. Desaparece assim o maior império da
Idade Média africana.
Os atuais Songhai habitam o Mali
(onde são uns 300 mil) e o Níger (cerca de 150 mil). Outros pequenos grupos
vivem em Burkina Fasso, Benin e Nigéria. São fruto da mestiçagem entre a antiga
população e os imigrantes que chegaram do Norte: Berberes, Tuareg e árabes.
Os Songhai de hoje já não são mais os
senhores de um tempo, embora não deixem de ser bons comerciantes e
agricultores. O trabalho no campo se limita aos meses de maio (para a
semeadura) e outubro (para a colheita). O resto do ano, dedicam ao artesanato e
à criação de gado. Habitam em cabanas circulares e são polígamos, mas a mulher
é tratada com mais respeito do que em outros grupos.
A organização social é bem definida,
com diferentes estratos: artesãos e comerciantes, ferreiros, sapateiros,
tecelões, etc. Trata-se de verdadeiras castas, embora em muitos lugares os
membros de uma mesma família possam exercer diferentes tarefas.
O jogo, a caça e outras atividades do
grupo ajudam no desenvolvimento físico da criança, que recebe a educação
pessoal na família, a comunitária no povoado e a profissional no interior de
cada casta.
O islamismo é a religião da maioria
dos Songhai, embora as religiões tradicionais ocupem um lugar de destaque na
sociedade e, mais ou menos em segredo, continuem sendo praticadas.
IMPÉRIO KANEM BORNU
Região do interior de África a oeste
do lago Chade, antigamente um império independente e que chegou a grande
florescimento.
As origens de Kanem Bornu situam-se
entre o século VIII e XI (750-1075). Foi uma das regiões mais importantes na
história do continente africano, por duas razões: primeiro, nas suas origens
viu diferentes povos praticarem estilos de vida variados nas proximidades do
lago. O quotidiano destas populações ia desde a caça e pesca à pastorícia e
agricultura. Esta diversidade de culturas e economia encorajou os intercâmbios
entre as diferentes sociedades desta região, mas também significou a
intensificação da competição, proporcionando uma maior coesão dos diferentes
grupos, já que cada um deles se encontrava em diferentes estádios de
desenvolvimento social e governamental; segundo, dada a sua situação
geográfica, o lago Chade era um ponto de confluência das rotas sudanesas e
sarianas. Tal como no Mali e Songhai, este comércio deu origem ao crescimento
de Estados poderosos encabeçados por reis, primeiro no nordeste do lago (Kanem)
e mais tarde no sudoeste (Bornu).
Apesar de haver ainda muito por
explicar, a tradição dos governantes ou mais de Kanem recorda o reino de
Hummay, que teve o seu início por volta de 1075, como ponto de viragem
fundamental nas história dos reinos do lago Chade. O crescimento da autoridade
desses governantes esteve intimamente ligado com a islamização. O Islão
penetrou no Kanem muito antes do século XI através das rotas transarianas e
também graças ao interesse demonstrado pelos reis Zaghawa pela nova religião.
Após um longo período de acalmia em
Kanem, eram iminentes os fatores desestabilizadores que irromperam algumas
décadas após a morte de Dibalami em 1248: rivalidades entre a família real,
fundamentadas pela prática de Dibalami nomear para os altos cargos os seus
próprios filhos, levaram a uma desagregação interna; apesar de os muçulmanos
terem dado grandes passos sob a proteção de Dibalami, povos não muçulmanos que
foram alvo das hostilidades daquele - as suas Jihads e destruição da mune, por
exemplo -, procuravam uma oportunidade para retaliar; a dinastia Sefuwa começou
a ser desafiada por Bulala, uma dinastia rival que estabeleceu a sua base nas
proximidades do lago Fitri, a este do lago Chade; por fim, a economia Kanem
encontrava-se debilitada - a região possuía poucos recursos naturais e a sua
maior fonte de receitas era a guerra.
Por volta do século XIII, estes e
outros fatores de conflito levaram ao colapso do estado Kanem, que, no entanto,
não desapareceu. Em vez disso, deslocou-se para Bornu, a sudoeste do lago
Chade.
A estabilidade e segurança do
emergente império de Bornu foi atingida sob Sefuwa mai Ali Gaji, cujo reinado
(cerca 1465-1497) acabou com as lutas pelo trono entre os diversos ramos dos
Sefuwa.
A herança do trono de pai para filho,
que antes não era costume entre os Kanuri, torna-se agora a forma de sucessão
ao trono. Mai Ali foi um militar bem-sucedido, que sem dúvida contribuiu para o
fortalecimento e a duração do seu reino: uma vitória decisiva sob os Bulala
acabou de uma vez por todas com a ameaça destes velhos rivais e permitiu a
conquista da antiga capital Sefuwa, Njimi, no reinado do sucesso de Ali Gaji,
Idris Katakarmabe (cerca 1497-1515).
OS IORUBÁS
As lendas contam que Ilé-Ifé teria
sido o próprio berço da humanidade. Ali, todos os povos e reinos descenderiam
do deus-rei Odudua, fundador da cidade sagrada. Outra lenda diz que Odudua
seria o condutor de uma gente vinda do Leste.
Após a fundação da cidade sagrada o
povo teria se espalhado pela região e tomou forma final por volta do final do
primeiro milênio. Possível época da fundação de Oyo, capital política dos
iorubas. Cidades independentes com seus governantes, camponeses. O Senhor do
reino ratificava o poder dos mandantes de cada cidade que era chamado de Bale e
tinha a assembléia dos notáveis, que era na realidade a detentora da
autoridade. O guarda muralhas, em geral era um mágico, o babalaô, que recolhia
os impostos. Uma aristocracia improdutiva controlava as armas, o poder
político, o comércio local, nacional e internacional.
As comunidades iorubás que se
desenvolveram principalmente no sudeste da atual Nigéria constituíram um dos
grandes centros civilizatórios da Guiné e chegaram a influenciar outras
civilizações da região, como o reino de Benin. Esta irradiação cultural não se
restringiu apenas ao continente africano.
Milhares de iorubas escravizados
foram desembarcados no Brasil, fecundando a cultura e a história do nosso país.
Uma explicação plausível sobre a gênese do povo ioruba, seria as diversas
migrações através das regiões entre o Lago Chade e o Níger.
Os Yorubas do Sul da África Ocidental
(República do Benin, Nigéria e Togo, incluindo também peças de Gana, Camarões e
Serra Leoa), tem uma muito rica e vibrante comunidade artesanal, criando arte
contemporânea e tradicional. O costume de arte e artesãos entre o Yoruba é
profundamente assinalado no corpo literário Ifá que indica os orixás Ogun,
Obatala, Oxum e Obalufon como central à mitologia de criação inclusive a obra
artística (isto é a arte da humanidade). Ao longo dos anos, muitos já vieram
cruzar idéias estrangeiras da obra artística e arte contemporânea com as formas
de arte tradicionais encontradas na África Ocidental.
A língua iorubá vem sido falada pelo
povo iorubá há muitos séculos. Ao lado de outros idiomas, é falado na parte
oeste da África, principalmente na Nigéria, Benim, Togo e Serra Leoa.
No continente americano, o iorubá também
é falado, sobretudo em ritos religiosos, como os ritos afro-brasileiros, onde é
chamado de nagô, e os ritos afro-cubanos de Cuba (e em menor escala, em certas
partes dos Estados Unidos entre pessoas de origem cubana), onde é conhecido
também por lucumí).
Segundo diversos pesquisadores o
termo iorubá é recente. Segundo Biobaku, aplica-se a um grupo linguístico de
vários milhões de indivíduos. Ele acrescenta que, "além da [língua] comum,
os iorubas estão unidos por uma mesma [cultura] e tradições de sua origem
comum, na cidade de Ifé, mas não parece que tenham jamais constituído uma única
entidade política, e também é duvidoso que, antes do século XIX, eles se
chamassem uns aos outros por um mesmo nome". A. E. Ellis mencionou-o,
judiciosamente, no título do seu livro The Yorùbá speaking people ("O povo
que fala iorubá"), dando a significação de língua a uma expressão que teve
a tendência a ser posteriormente aplicada a um povo, a uma expressão ou a um
território. Antes de se ter conhecimento do termo iorubá, os livros dos
primeiros viajantes e os mapas antigos, entre 1656 e 1730, são unânimes em
chamar Ulkumy ou Ulcuim, com algumas variantes. Depois de Snelgrave, em 1734, o
termo Ulkumy desapareceu dos mapas e é substituído por Ayo ou Eyo (para designar
Oyo).
Francisco Pereira Mendes, em 1726,
comandante do forte português de Ajudá, já mencionava em seus relatórios
enviados à Bahia os ataques dos ayos contra os territórios de Agadjá, rei de
Daomé chamado de "o Revoltoso" por haver atacado Allada em 1724, e
que iria, posteriormente, conquistar Uidá, em 1727. Foi esse povo, chamado
atualmente uidá (glébué para os daomeanos, igéléfé para os iorubás, ajudá para
os portugueses, juda ou grégoy para os franceses, Whidah para os ingleses e
fida para os holandeses) e habitado pelos hwéda, que se tornou o principal
ponto de exportação dos escravos originários das regiões vizinhas, inimigos do
Daomé.
Texto referente ao Capitulo 6
Povos turcos
Ver artigos principais: Xiongnu,
Hunos e Goturcos
O primeiro texto histórico a
mencionar o turco foi um texto do ponto de vista chinês, que mencionou o
comércio das tribos turcas com os sogdianos ao longo da Rota da Seda.8 Os
xiongnu mencionados nos registros da dinastia Han podem ter sido falantes de proto-turco9
10 11 12 13 sucedidos pelas hordas hunas de Átila, o Huno que tentaram
conquistar a Europa.14 15 Por outro lado, recentes pesquisas genéticas de
200316 confirmam os estudos indicando que os povos turcos se originaram na
mesma região e então são possivelmente relacionados com os xiongnu.17
A arte em pedra de Yinshan e
Helanshan é datada do nono milênio a.C. ao século XIX a.C. Consiste
principalmente de sinais gravados (petróglifos) e em menor grau de imagens
pintadas.18 Ma Liqing comparou os petróglifos (que ele presumiu serem os únicos
exemplos existentes de possíveis inscrições xiongnu) e a alfabeto de Orkhon (o
mais antigo alfabeto turco conhecido) recentemente, e argumentou uma nova
conexão entre eles.19
Escavações conduzidas entre
1924-1925, nos kurgans de Noin-Ula localizados no rio Selenga, nas montanhas no
norte da Mongólia, a norte de Ulan Bator, produziram objetos com mais de vinte
caracteres gravados, os quais eram idênticos ou muito similares àqueles das
letras rúnicas da escrita orkhon turca descoberta no Vale de Orkhon.20
O primeiro registro do termo turco
como um nome político é uma referência do século VI à palavra agora pronunciada
no chinês moderno como tujue. Acredita-se que algumas tribos turcas, como os
cazares e os pechenegues, provavelmente viveram como nômades por muitos anos
antes de estabelecer um estado político (o Império Goturco). Os povos turcos
originalmente usavam seus próprios alfabetos, como os runiformes orkhon e
yenisei, e depois o alfabeto uigure. A mais antiga inscrição foi encontrada
próximo ao rio Issyk no Quirguistão e foi datada como de 500 a.C.. Os símbolos
tradicionais nacionais e culturais dos povos turcos incluem o crescente e
estrela, usado como símbolo dos turcos desde os tempos pré-islâmicos,21 quando
eles praticavam o xamanismo; os lobos também são parte da mitologia e da
tradição turcas, assim como a cor azul, o ferro e o fogo.
Quatrocentos anos depois do colapso
do poder Xiongnu no norte da Ásia Central, a liderança dos povos turcos passou
a ser dos goturcos. Anteriormente um elemento da confederação nômade Xiongnu,
os goturcos herdaram suas tradições e experiência administrativa.
De 552 a 745, a liderança goturca
manteve unidas as tribos turcas nômades em um império, que finalmente
desmoronou devido a uma série de conflitos dinásticos.
A grande diferença entre o Canato
Goturco e seu predecessor Xiongnu foi que os cãs goturcos temporários do clã
Ashina eram subordinados a uma autoridade soberana que estava nas mãos de um
conselho de chefes tribais. O canato recebeu missionários budistas,
maniqueístas e cristãos nestorianos, mas manteve sua religião original
xamânica, o tengriismo. Os goturcos foram o primeiro povo turco a escrever a
sua língua (o turco antigo) em uma escrita rúnica.
Acredita-se geralmente que o primeiro
povo turco era nativo da região que se estendia da Ásia Central à Sibéria.
Alguns estudiosos afirmam que os hunos eram uma das primeiras tribos turcas,
enquanto outros defendem a origem mongólica dos hunos.27 Estudos do linguista
Otto Maenchen-Helfen também apóiam uma origem turca para os hunos.28 29 A
principal onda de migração dos turcos, que estavam entre os mais antigos
habitantes do Turquestão, ocorreu na Idade Média, quando eles se espalharam
através da maior parte da Ásia, chegando à Europa e ao Oriente Médio.30
A data precisa da expansão inicial a
partir da terra natal permanece desconhecida. O primeiro estado conhecido como
"turco", dando seu nome a muitos estados e povos depois, foi o dos
goturcos (gog = "azul" ou "celestial") no século VI. O
líder do clã Asena conduziu seu povo de Li-jien (a moderna Zhelai Zhai) para
Rouran buscando inclusão na sua confederação e proteção da China. Sua tribo era
conhecida pelos forjadores de metais e recebeu terras próximo a uma montanha
rochosa parecida com um capacete, da qual eles diziam ter tirado seu nome (突厥- tūjué). Um século depois, seu poder havia crescido de tal
forma que eles conquistaram o Rouran e começaram a estabelecer seu Império
Goturco.30
Povos turcos posteriores incluem os
karluks (principalmente no século VIII), uigures, quirguizes, turcos oguzes e
turcomenos. À medida que estes povos foram fundando estados na região entre a
Mongólia e a Transoxiana, eles entraram em contato com os muçulmanos, e a
maioria gradualmente adotou o Islã. No entanto, havia também (e ainda há)
pequenos grupos de povos turcos pertencentes a outras religiões, incluindo
cristãos, judeus (cazares), budistas e zoroastristas.
Os soldados turcos no exército dos
califas abássidas emergiram como os governantes de fato da maior parte do
Oriente Médio muçulmano (com exceção de Síria e Egito) especialmente depois do
século X. Os oguzes e as outras tribos capturaram a dominaram vários países sob
a liderança da dinastia seljúcida e finalmente capturaram os territórios da
dinastia abássida e o Império Bizantino.
Enquanto isso, os quirguizes e os
uigures estavam lutando entre si e com o Império Chinês. O povo quirguiz
finalmente se estabeleceu na região agora conhecida como Quirguistão. Os
tártaros conquistaram os búlgaros do Volga no que hoje é o Tartaristão,
seguindo o movimento na direção oeste dos mongóis sob Genghis Khan no século
XIII. Os búlgaros foram dessa forma por engano chamados de tártaros pelos
russos. Os tártaros nativos vivam apenas na Ásia; os "tártaros" europeus
são na verdade os búlgaros do Volga. Outros búlgaros se estabeleceram na Europa
nos séculos VII e VIII, e foram assimilados pela população eslava depois de
adotar o que eventualmente se tornaria a língua búlgara eslava. Por toda a
parte, grupos turcos se mesclaram com as populações locais em graus variados.30
À medida que o Império Seljúcida
declinou após a invasão mongol, o Império Otomano emergiu como o novo estado
turco importante, que passou a dominar não apenas o Oriente Médio, mas também o
sudeste da Europa, partes do sudoeste da Rússia e o norte da África.30
O Império Mogol foi um império
muçulmano que, na sua maior extensão territorial, governou a maior parte do
subcontinente indiano, então conhecido como Hindustão, e partes do que hoje é
Afeganistão e Paquistão do começo do século XVI à metade do século XVIII. A
dinastia mogol foi fundada por por um príncipe turco chagatai chamado Babur
(reinou de 1526 a 1530), que era descendente do conquistador turco Tamerlão
pelo lado paterno e de Chagatai, segundo filho de Genghis Khan, pelo lado
materno.32 33 A dinastia mogol foi notável pela habilidade de seus governantes,
que através de sete gerações mantiveram um registro de rearo talento para sua
organização administrativa. Uma tentativa distinta posterior dos mogois foi a
de integrar hindus e muçulmanos em um estado indiano unido.32 34 35 36
O Império Otomano gradualmente se
enfraqueceu a despeito da má administração, de repetidas guerras com a Rússia e
com o Império Austro-Húngaro e do surgimento de movimentos nacionalistas nos
Bálcãs, desfazendo-se finalmente após a 1ª Guerra Mundial, abrindo caminho para
a atual República da Turquia.
O que foi o Império Otomano?
Ele começou a nascer no século 11,
quando tribos turcas nômades se fixaram na Anatólia, região que hoje é parte da
Turquia. Tais tribos ajudaram a difundir a religião muçulmana em terras que até
então estavam sob o domínio de outro império, o Bizantino. "O termo
otomano deriva do nome Osman, ou, em árabe, Uthman", diz o historiador inglês
Malcolm Yapp, da Universidade de Londres. Osman, ou Otman I (1258-1324), foi um
chefe turco que transformou essas tribos nômades em uma dinastia imperial.
Durante os séculos 15 e 16, o Império Otomano tornou-se um dos estados mais
fortes do mundo, englobando boa parte do Oriente Médio, do Leste Europeu e do
norte da África. Além do poderio militar, o que ajudou a garantir essa expansão
foi a tolerância dos otomanos com as tradições e as religiões dos povos
conquistados.
"A Igreja Ortodoxa cristã, que
predominava nas terras bizantinas, foi mantida. Os judeus perseguidos pelos
cristãos na península Ibérica também encontraram refúgio nos territórios
otomanos", diz a historiadora Giulia Crippa, da Universidade de São Paulo
(USP), em Ribeirão Preto (SP). O império começou a decair no século 17. As
atividades econômicas dos povos conquistados eram conduzidas por iniciativa
deles próprios, o que fez com que a economia geral do império fosse se
desintegrando lentamente. A instabilidade política aumentava cada vez mais até
que, em 1909, o sultão - como eram chamados os líderes otomanos - Abdul Hamid
II foi deposto por uma rebelião. Essa mudança deu início à modernização do
império, bastante influenciada pela Alemanha, ao lado de quem os turcos lutaram
na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A derrota no confronto tumultuou ainda
mais o já dilacerado império, que foi abolido pouco depois, em 1923, quando foi
proclamada a República da Turquia.
Prontos para a briga
Duas vitórias e duas derrotas
marcantes na história dessa potência
ESMAGANDO OS BIZANTINOS
Em 1453, o Império Otomano conquista
a cidade de Constantinopla, que passa a se chamar Istambul. A vitória marca a
supremacia definitiva dos turcos sobre o Império Bizantino, com quem lutavam
desde o século 11
EXPANSÃO FRUSTRADA
Nos séculos seguintes à vitória sobre
os bizantinos, os otomanos seguem enfrentando os cristãos europeus na tentativa
de dominar o continente. Entre 1715 e 1718, porém, eles são derrotados pela
Áustria e a expansão fracassa
TRIUNFO SOBRE A RÚSSIA
Entre 1853 e 1856, o Império Otomano
trava com a Rússia a Guerra da Criméia. Em jogo, territórios onde hoje ficam a
Romênia e a península da Criméia, na Ucrânia. Com o apoio da França e da
Inglaterra, os turcos vencem
FIASCO NA PRIMEIRA GUERRA
Os aliados da Guerra da Criméia viram
inimigos na Primeira Guerra. É que, na busca pela modernização, os otomanos se
aproximam da Alemanha. Ao lado desse país, os turcos são derrotados no grande
conflito mundial.
Índia do Império Gupta
O Império Gupta (em hindi: गुप्त साम्राज्य; transl.: Gupta Sāmrājya) foi um
antigo império indiano, fundado por Sri-Gupta, que existiu de aproximadamente
320 a 550 e cobriu grande parte do subcontinente indiano.1 A paz e prosperidade
criada sob a liderança dos Guptas permitiu a busca de esforços artísticos e
científicos.2 Este período é chamado a Idade de Ouro da Índia3 e foi marcado
por extensas invenções e descobertas nas áreas da ciência e tecnologia,
engenharia, arte, dialética, literatura, lógica, matemática, astronomia,
religião e filosofia que cristalizaram os elementos que são geralmente
conhecidos como cultura hindu.4
Os pontos altos desta criatividade
cultural são a arquitetura, as esculturas e pinturas.5 O período Gupta produziu
estudiosos como Calidasa, Ariabata, Varamira, Visnusarma e Vatsiaiana que
fizeram grandes avanços em vários campos acadêmicos.[carece de fontes] Ciência
e administração política alcançaram novo patavar durante este período.6 Fortes
laços comerciais também fizeram a região um importante centro cultural e
definiu a região como uma base que influenciaria reinos e regiões vizinhas em
Birmânia, Sri Lanca e Ásia Meridional.7 Os épicos indianos mais antigos
disponíveis são também pensados como tendo sido escritos em torno deste
período.[carece de fontes]
Os imperadores Chandragupta I (r.
320–335), Samudragupta (r. 335–375) e Chandragupta II (r. 375–415) foram os
governantes mais notáveis da dinastia Gupta.8 O poeta sânscrito do século IV
Calidasa credita os Guptas como tendo conquistado cerca de 21 reinos, tanto
dentro como fora da Índia, incluindo os reinos dos sacas, hunas, cambojas, as
tribos locais em ambas as margens do Amu Dária, os cinaras, kiratas, etc.9 O
império gradualmente declinou a partir do século V devido, dentre outro
fatores, a maior pressão dos governantes dos Estados vizinhos e a invasão dos
hunas da Ásia Central que penetraram na Índia no Noroeste.1 Tais eventos
levaram os feudatários sujeitos aos Guptas a proclamarem-se independências, o
que veio a debilitar ainda mais o Estado que ruiu por completo no século VI.10
Após o colapso do Império Gupta no século VI, a Índia novamente foi governada
por inúmeros reinos regionais. Um linha menor do clã Gupta continuou a governar
Mágada após a desintegração do império. Estes Guptas foram posteriormente depostos
por Harsavardana que estabeleceu seu império na primeira metade do século VII.
Capitulo 7
As Cruzadas foram movimentos
militares cristãos em sentido à Terra Santa com a finalidade de ocupá-la e
mantê-la sob domínio cristão.
No século VII surgiu no Oriente Médio
uma religião também monoteísta que conquistaria muitos adeptos com o passar do
século. O Islamismo foi difundido através do profeta Maomé e o seu crescimento
criaria grandes embates com o cristianismo. No final do século XI, a religião já
havia se tornado grande o suficiente para clamar por seus lugares sagrados,
que, no entanto, eram coincidentes com os lugares sagrados dos cristãos. A
cidade de Jerusalém é o principal local sagrado para essas duas religiões
monoteístas e também para o judaísmo. A ocupação da cidade e das regiões
próximas que compõem a chamada Terra Santa foi motivo de muitos conflitos entre
essas religiões na Idade Média e ainda é uma das causas da instabilidade no
Oriente Médio.
Ilustração: bazzier /
Shutterstock.com
Ilustração: bazzier /
Shutterstock.com
O termo Cruzada não era conhecido na
época em que ocorreram. Só foi assim nomeado porque seus participantes se
consideravam soldados de Cristo e se distinguiam pela cruz em suas roupas. Na
época em que ocorreram, eram chamadas de peregrinação ou de guerra santa pelos
europeus. No Oriente Médio, contudo, eram chamadas de invasões francas, em
função da maioria dos cruzados serem provenientes do Império Carolíngio e de se
autodenominarem francos.
O entorno do ano 1000 viu o
significativo crescimento das peregrinações de cristãos a Jerusalém, pois eles
acreditavam que o fim do mundo estava próximo e, por isso, faziam sacrifícios e
buscavam as terras sagradas para evitar a eternidade no inferno. O mundo não
acabou e os muçulmanos ocuparam cada vez mais a Terra Santa, criando grandes
impedimentos para o trânsito de cristãos. A situação se agravou no decorrer do
século XI e irritou os cristãos, que se reuniram para a primeira expedição
militar que os levaria à Terra Santa para tentar expulsar os muçulmanos da
região e devolvê-la aos cristãos. Entre os anos 1096 e 1270, muitas expedições
foram organizadas para tentar reconquistar Jerusalém, porém os muçulmanos se
mantiveram firme na região após vários conflitos.
Antes da primeira Cruzada organizada
por nobres europeus, houve um movimento extra-oficial que ficou conhecido como
Cruzada dos Mendigos ou Cruzada Popular. O monge Pedro reuniu uma multidão que
incluía mulheres, velhos e crianças para atuar como guerreiros. A expedição até
chegou ao Oriente, mas foi facilmente massacrada. A Primeira Cruzada oficial
foi convocada pelo Papa Urbano II, que reuniu a nobreza europeia em 1095 para
combater os infiéis que ocupavam a Terra Santa. No ano seguinte, os cruzados
partiram para Jerusalém e tiveram sucesso, conquistando a Terra Santa, o
principado de Antioquia e os condados de Trípoli e Edessa.
Algumas décadas depois, os muçulmanos
conseguiram reconquistar a cidade de Edessa, o que motivou uma nova expedição,
a segunda Cruzada, entre os anos 1147 e 1149. No entanto, não causou a mesma
comoção da primeira e resultou em uma grave derrota, o que deixou profundo
ressentimento no Ocidente. Mais décadas se passaram e, em 1187, o sultão
Saladino obteve uma vitória esmagadora sobre os cristãos em Jerusalém,
reconquistando a cidade para os muçulmanos. Em resposta, o Papa Gregório VIII
convocou uma nova Cruzada, que ficou famosa pela participação de três
importantes reis da Europa: Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra; Frederico
Barbarossa, do Sacro Império Romano Germânico; e Felipe Augusto, da França. A
Terceira Cruzada, que ocorreu entre os anos 1189 e 1192, mais uma vez, não
resultou em vitória para os cristãos, mas o rei Ricardo Coração de Leão
conseguiu assinar um acordo de paz com Saladino permitindo a peregrinação dos
cristãos com segurança até Jerusalém.
No início do século seguinte, nova
Cruzada foi convocada para atacar Constantinopla. A expedição ocorrida entre
1202 e 1204 tinha fins políticos que não receberam a aprovação do Papa Inocêncio
III. A Quarta Cruzada deixou notáveis consequências política e religiosas
porque enfraqueceu o Império Oriental e agravou o ódio entre a cristandade
grega e latina. Poucos anos depois, em 1208, o mesmo papa convocou uma Cruzada
contra os cátaros no Lanquedoc. O catarismo, doutrina que acreditava no
dualismo, ou seja, na existência de um Deus bom e outro mal, era considerado
uma heresia e seu crescimento incomodava muito a Igreja Católica. Séculos mais
tarde, seus seguidores seriam perseguidos também pela Inquisição.
Um dos eventos mais curiosos
envolvendo as Cruzadas certamente foi o de 1212. Na ocasião, crianças e
adolescentes que acreditavam estarem possuídas do poder divino para
reconquistar Jerusalém partiram em direção aos portos para embarcarem rumo à
Palestina. A expedição que ficou conhecida como Cruzada das Crianças vitimou
vários dos jovens ainda durante a viagem e os sobreviventes foram vendidos como
escravos aos muçulmanos quando atracaram no porto de Alexandria. Calcula-se que
50 mil crianças tenham sido colocadas nos barcos da mais desastrosa das
expedições cristãs.
Nova Cruzada oficial ocorreria entre
os anos 1217 e 1221. Porém o fracasso não seria novidade. A quinta expedição
não conseguiu nem mesmo superar as enchentes do Rio Nilo e acabou desistindo de
seus objetivos de tomar uma fortaleza muçulmana no Egito. Poucos anos depois, a
Sexta Cruzada, ocorrida entre 1228 e 1229, finalmente alcançou sucesso através
da liderança de Frederico II. Este conseguiu obter a posse de Jerusalém, de Belém
e de Nazaré para os cristãos por dez anos. No entanto, em 1244 os cristãos
perderam o domínio dessas localidades novamente para os muçulmanos.
Entre 1248 e 1254, a Sétima Cruzada
foi liderada pelo rei francês Luís IX que desembarcou para combate no Egito e
recebeu a oferta de posse de Jerusalém, a qual recusou. Na continuidade dos
conflitos, o rei foi aprisionado e seu resgate custou 500 mil moedas de ouro.
Mas foi o mesmo rei que comandou a Oitava Cruzada em 1270. Só que ele faleceu
devido à peste logo após desembarcar em Túnis, o que encerrou mais uma
expedição. Uma Nona Cruzada ainda é descrita por alguns, embora muitos
argumentem que tenha sido parte integrante da Oitava Cruzada. Após a morte do
rei Luís IX, o príncipe Eduardo da Inglaterra teria comandado seus seguidores
até o Acre (cidade em Israel) para combater os adversários nos dois anos
seguintes. Mas, preparando-se para atacar Jerusalém, recebeu a notícia do
falecimento de seu pai e decidiu retornar à Inglaterra para herdar seu trono de
direito, encerrando a expedição e o turbulento século XIII.
As Cruzadas foram um fracasso em seu
objetivo de conquistar a Terra Santa para os cristãos. Custaram muito caro para
a nobreza europeia e resultaram em milhares de mortes. No entanto, essas
expedições influenciaram grandes transformações no mundo medieval. Elas
causaram o enfraquecimento da aristocracia feudal, fortaleceram o poder real e
possibilitaram a expansão do mercado. A civilização oriental contribuiu muito
para o enriquecimento cultural europeu, promovendo desenvolvimento intelectual.
Nunca mais Jerusalém foi dominada pelos cristãos, mas as movimentações
ocorridas no trajeto para a Terra Santa expandiram os relacionamentos com o
mundo conhecido na época.
Renascimento urbano
A Idade Média europeia foi marcada por uma
organização social e econômica predominantemente rural. As invasões bárbaras do
século V levaram ao declínio das cidades do Império Romano, aumentando a
importância dos campos para a habitação e produção econômica. Essa situação iria
mudar a partir do século XI quando teve início o chamado Renascimento Urbano.
A ruralização da sociedade medieval
não significou a extinção das cidades. Apenas resultou na diminuição de sua
importância no conjunto da sociedade, mudando ainda seu caráter se comparadas
às funções desempenhadas pela cidade durante a Antiguidade romana.
A cidade medieval – também conhecida
como burgo – até o século XI era, de certa forma, uma extensão do mundo
senhorial. Por se localizarem em terras que eram dominadas por um senhor, as
cidades estavam sujeitas a seu poder. Além disso, habitavam as cidades
principalmente os nobres, reis, bispos e comerciantes, mostrando que era também
espaço de concentração do poder político e religioso. Geralmente ao centro das
cidades encontravam-se mercados e igrejas.
Os senhores conseguiam exercer
influência sobre as cidades ao enviar os excedentes da produção agrícola das
terras sob seu domínio e comercializá-los nesse espaço urbano. Estabeleciam
ainda relações de dependência entre si e o conjunto dos moradores das cidades,
principalmente através da cobrança de tributos.
A partir do século XI, teve início
uma expansão do comércio em decorrência das Cruzadas e da acumulação de
excedentes agrícolas. Esses excedentes foram possibilitados pelas inovações
técnicas adotadas na agricultura, como a charrua, novas formas de atrelamento
dos animais ao arado e também com a adoção da rotação de cultura. Dessa forma,
o comércio com o Oriente possibilitado pelas Cruzadas e as trocas de excedentes
levaram paulatinamente as cidades a crescerem de importância no mundo feudal.
Para realizar as transações
comerciais foram criadas feiras, dais quais se destacaram a de Champagne e de
Brie, na atual França. Por serem fortificadas e se localizarem próximas às rotas
de comércio, as cidades eram consideradas locais seguros, principalmente para
manter as estruturas bancárias necessárias à realização dos negócios. Uma classe de comerciantes foi se formando
internamente aos burgos e também enriquecendo, dando origem aos burgueses.
Por outro lado, foram se formando
grupos de artesãos que também vendiam sua produção nas feiras. Eles passaram a
se organizar nas corporações de ofício, que eram organizações que reuniam
pessoas que exerciam a mesma profissão. Dentro das corporações havia uma rígida
divisão, tendo ao cimo o mestre-artesão, abaixo dele estavam os jornaleiros e,
por fim, os aprendizes. Havia regras na adoção das técnicas de produção que
buscavam uniformizar as formas de trabalho e os próprios produtos, criando, dessa
forma, uma tradição de produção. Era papel do mestre-artesão garantir o
cumprimento dessas regras.
Com o aumento de sua importância
econômica, as cidades foram se expandindo. Mais pessoas passaram a morar nas
cidades, resultando na ampliação dos muros que demarcavam seus limites. Porém,
esse crescimento gerou uma grande aglomeração de pessoas para os números da
época. Paris chegou a ter cerca de 100 mil habitantes no período, número
considerável se for levado em consideração o fato das demais cidades não
chegarem a ter mais de 20 mil habitantes.
Mas não havia práticas de salubridade
nesses burgos. O saneamento básico, como o conhecemos hoje, não existia,
tornando as cidades um local propício à propagação de epidemias. Foi o que
ocorreu no século XIV, quando as pulgas infectadas pela bactéria Yersinia
pestis foram transportadas por roedores e peles de animais do Oriente para as
cidades europeias. As pulgas infectadas pela bactéria, ao picarem os seres
humanos, transmitem a peste bubônica. Nas condições insalubres das cidades
europeias, a peste bubônica transformou-se em uma epidemia que dizimou cerca de
um terço da população europeia.
As cidades sobreviveram à peste
negra, outro nome dado à epidemia. O patriciado que controlava politicamente os
burgos fortaleceu-se com o desenvolvimento urbano, gerando uma crescente
autonomia frente aos senhores feudais. A comuna eram as cidades que se tornavam
livres e organizavam-se a partir de relações distintas das que caracterizavam a
dependência dos senhores da nobreza rural.
Essas diferenças foram se tornando
maiores ao longo do tempo e opondo a burguesia urbana à nobreza rural. Tal
situação iria se resolver apenas ao fim da Idade Moderna, quando a burguesia já
havia acumulado um considerável poder econômico para também se impor
politicamente à nobreza.
Renascimento Comercial e o surgimento
da burguesia
O Renascimento Comercial está
diretamente ligado à expansão européia contra o Islão. As Cruzadas consolidaram
a reabertura do Mediterrâneo, restabelecendo as ligações comerciais entre o
Ocidente e o Oriente. Também ampliaram os mercados e intensificaram o uso do
dinheiro – até porque os cruzados se apoderaram de moedas ou de metais preciosos
mais tarde amoedados.
O contato com os islamitas ensinou
aos cristãos certas técnicas comerciais, como a contabilidade, o uso das letras
de câmbio e a noção de banco.
Dentro da própria Europa, diversos
fatores contribuíram para o progresso das atividades comerciais. O fim das
invasões árabes, normandas, húngaras e eslavas produzira um acentuado
crescimento demográfico e, conseqüentemente, ampliara os mercados. A
disponibilidade de mão-de-obra levou ao cultivo de novas terras, cujos
ocupantes se estabeleciam na condição de homens livres.
Enquanto isso, o sistema feudal, cuja
produção era adequada apenas para o consumo local, não conseguia atender ao
crescimento da demanda, tomando-se incompatível com as novas condições
históricas. Sua crise e decadência iriam levá-lo à desintegração, séculos
depois.
Uma vez que a produção do feudo se tomou
insuficiente para sustentar todos os seus habitantes, muitos deles começaram a
sair. Isso aconteceu tanto com os vilões (que saíam livremente) como com os
servos (que fugiam, ou às vezes eram expulsos por seus senhores). Esses
elementos marginalizados dirigiam-se para os aglomerados urbanos, na esperança
de lá ganharem a vida. Participavam de uma cruzada, roubavam, ingressavam na
escolta de alguma caravana ou formavam bandos de salteadores. Qualquer
atividade servia, desde que garantisse sua sobrevivência. Houve aqueles que se
dedicaram ao comércio ambulante, formando o embrião do que mais tarde seria a
burguesia.
As rotas de comércio foram um
elemento essencial do Renascimento Comercial, pois constituíam as artérias por
onde fluía a vida mercantil da época. As principais rotas da Europa eram as do
Mediterrâneo, do Mar do Norte e da Champagne.
A rota do Mediterrâneo ligava
Constantinopla e Alexandria aos portos da Europa. Era dominada pelas cidades de
Gênova e Veneza, que haviam conseguido obter monopólios comerciais (fondacos)
nos principais portos do Mediterrâneo Oriental. Veneza, por exemplo,
monopolizava o comércio com Constantinopla.
A rota do Mar do Norte ligava aquele
mar ao Báltico e penetrava no interior da Rússia, onde seguia os antigos caminhos
percorridos pelos varegues (normandos originários da Suécia). Descendo o curso
dos rios Dnieper, Dniester e Don, os mercadores alcançavam o Mar Negro e de lá
chegavam a Constantinopla, onde vendiam peles, mel, trigo, âmbar e metais.
A rota da Champagne ligava a Itália à
Flandres passando pela região da Champagne, na França. A Flandres possuía
inúmeras manufaturas de panos e um comércio bastante desenvolvido, enquanto a
Itália fornecia artigos de luxo, produzidos localmente ou importados do
Oriente.
As principais rotas de comércio eram
ligadas a outras secundárias. A rota da Inglaterra unia as Ilhas Britânicas à
Flandres principalmente pelo comércio de lã. Para chegar à Champagne, os
comerciantes espanhóis utilizavam a rota dos Pireneus; os alemães, a rota do
Reno.
O grande número de mercadores
circulando pelas rotas levou-os a fixar certos pontos do caminho para
realização de trocas comerciais — geralmente locais protegidos por um castelo,
ou então cruzamentos de rotas (nós de trânsito). Ali, os comerciantes se
reuniam para negociar suas mercadorias durante um período predeterminado.
Tais encontros recebiam o nome de
feiras. Sua importância foi imensa para o desenvolvimento do comércio na Baixa
Idade Média. Eram eventos sazonais, criados por um edital de feira; neste, o
senhor local prometia proteção militar e policial aos participantes, e
assegurava o funcionamento de um tribunal internacional para julgar os
litígios. Em troca, reservava-se o direito de cobrar um imposto por cabeça — a
capitação — sobre todos os que entrassem na feira. E os produtos que tocassem o
solo lhe pertenceriam por um direito costumeiro.
As principais feiras da Europa
realizavam-se na Champagne e atraiam negociantes de todas as partes. Cada uma
durava sete semanas, podendo ser semestral ou anual. Também havia feiras
importantes na Flandres, na Itália, na Alemanha, na Inglaterra e na Espanha.
Muitos locais onde se realizavam feiras deram origem a burgos — núcleos urbanos
com intensa vida comercial e ativa produção artesanal.
A multiplicação das feiras levou à
utilização das letras de câmbio (originariamente letras de feira), isto é,
papéis valendo uma determinada importância e que podiam ser descontados por seu
portador em outra cidade. Concomitantemente, a grande variedade de moedas em
circulação criou os mecanismos de câmbio; nas feiras sempre havia cambistas,
que trocavam para os clientes moedas de procedências diversas, O empréstimo a
juros tornou-se prática corrente e foram fundadas as primeiras casas bancárias.
Graças a tudo isso, começou a se processar na Europa uma acumulação capitalista
primitiva, apesar de a usura ser condenada pela Igreja.
As feiras alcançaram seu apogeu no
século XIII; em seguida declinaram, para dar lugar aos mercadores com diversos
cambistas, que trocavam para os clientes moedas estabelecimentos sediados nas
cidades.
Monarquias nacionais No decorrer da
Idade Média, a figura política do rei era bem distante daquela que usualmente
costumamos imaginar. O poder local dos senhores feudais não se submetia a um
conjunto de leis impostas pela autoridade real. Quando muito, um rei poderia
ter influência política sobre os nobres que recebiam parte das terras de suas
propriedades. No entanto, o reaquecimento das atividades comerciais, na Baixa
idade Média, transformou a importância política dos reis.
A autoridade monárquica se estendeu
por todo um território definido por limites, traços culturais e linguísticos
que perfilavam a formação de um Estado Nacional. Para tanto, foi preciso
superar os obstáculos impostos pelo particularismo e universalismo político que
marcaram toda a Idade Média. O universalismo manifestava-se na ampla autoridade
da Igreja, constituindo a posse sobre grandes extensões de terra e a imposição
de leis e tributos próprios. Já o particularismo desenvolveu-se nos costumes
políticos locais enraizados nos feudos e nas cidades comerciais.
Os comerciantes burgueses surgiram
enquanto classe social interessada na formação de um regime político
centralizado. As leis de caráter local, instituídas em cada um dos feudos,
encareciam as atividades comerciais por meio da cobrança de impostos e pedágios
que inflacionavam os custos de uma viagem comercial. Além disso, a falta de uma
moeda padrão instituía uma enorme dificuldade no cálculo dos lucros e na cotação
dos preços das mercadorias.
Além disso, a crise das relações
servis causou um outro tipo de situação favorável à formação de um governo
centralizado. Ameaçados por constantes revoltas – principalmente na Baixa Idade
Média – e a queda da produção agrícola, os senhores feudais recorriam à
autoridade real com o intuito de formar exércitos suficientemente preparados
para conter as revoltas camponesas. Dessa maneira, a partir do século XI,
observamos uma gradual elevação das atribuições políticas do rei.
Para convergir maiores poderes em
mãos, o Estado monárquico buscou o controle sobre questões de ordem fiscal,
jurídica e militar. Em outros termos, o rei deveria ter autoridade e
legitimidade suficientes para criar leis, formar exércitos e decretar impostos.
Com esses três mecanismos de ação, as monarquias foram se estabelecendo por
meio de ações conjuntas que tinham o apoio tanto da burguesia comerciante,
quanto da nobreza feudal.
Com o apoio dos comerciantes, os reis
criaram exércitos mercenários que tinham caráter essencialmente temporário. Ao
longo dos anos, a ajuda financeira dos comerciantes tratou de formar as
milícias urbanas e as primeiras infantarias. Tal medida enfraqueceu a atuação
dos cavaleiros que limitavam sua ação militar aos interesses de seu suserano. A
formação de exércitos foi um passo importante para que os limites territoriais
fossem fixados e para que fosse possível a imposição de uma autoridade de ordem
nacional.
A partir de então, o rei acumulava
poderes para instituir tributos que sustentariam o Estado e, ao mesmo tempo,
regulamentaria os impostos a serem cobrados em seu território.
Concomitantemente, as moedas ganhariam um padrão de valor, peso e medida capaz
de calcular antecipadamente os ganhos obtidos com o comércio e a cobrança de
impostos. A fixação de tais mudanças personalizou a supremacia política dos
Estados europeus na figura individual de um rei.
Além de contar com o patrocínio da
classe burguesa, a formação das monarquias absolutistas também contou com apoio
de ordem intelectual e filosófica. Os pensadores políticos da renascença
criaram importantes obras que refletiam sobre o papel a ser desempenhado pelo
rei. No campo religioso, a aprovação das autoridades religiosas se mostrava
importante para que os antigos servos agora se transformassem em súditos à
autoridade de um rei.
Capitulo 9
No decorrer da Idade Média, a figura
política do rei era bem distante daquela que usualmente costumamos imaginar. O
poder local dos senhores feudais não se submetia a um conjunto de leis impostas
pela autoridade real. Quando muito, um rei poderia ter influência política
sobre os nobres que recebiam parte das terras de suas propriedades. No entanto,
o reaquecimento das atividades comerciais, na Baixa idade Média, transformou a
importância política dos reis.
A autoridade monárquica se estendeu
por todo um território definido por limites, traços culturais e linguísticos
que perfilavam a formação de um Estado Nacional. Para tanto, foi preciso
superar os obstáculos impostos pelo particularismo e universalismo político que
marcaram toda a Idade Média. O universalismo manifestava-se na ampla autoridade
da Igreja, constituindo a posse sobre grandes extensões de terra e a imposição
de leis e tributos próprios. Já o particularismo desenvolveu-se nos costumes
políticos locais enraizados nos feudos e nas cidades comerciais.
Os comerciantes burgueses surgiram
enquanto classe social interessada na formação de um regime político
centralizado. As leis de caráter local, instituídas em cada um dos feudos,
encareciam as atividades comerciais por meio da cobrança de impostos e pedágios
que inflacionavam os custos de uma viagem comercial. Além disso, a falta de uma
moeda padrão instituía uma enorme dificuldade no cálculo dos lucros e na cotação
dos preços das mercadorias.
Além disso, a crise das relações
servis causou um outro tipo de situação favorável à formação de um governo
centralizado. Ameaçados por constantes revoltas – principalmente na Baixa Idade
Média – e a queda da produção agrícola, os senhores feudais recorriam à
autoridade real com o intuito de formar exércitos suficientemente preparados
para conter as revoltas camponesas. Dessa maneira, a partir do século XI,
observamos uma gradual elevação das atribuições políticas do rei.
Para convergir maiores poderes em
mãos, o Estado monárquico buscou o controle sobre questões de ordem fiscal,
jurídica e militar. Em outros termos, o rei deveria ter autoridade e
legitimidade suficientes para criar leis, formar exércitos e decretar impostos.
Com esses três mecanismos de ação, as monarquias foram se estabelecendo por
meio de ações conjuntas que tinham o apoio tanto da burguesia comerciante,
quanto da nobreza feudal.
Com o apoio dos comerciantes, os reis
criaram exércitos mercenários que tinham caráter essencialmente temporário. Ao
longo dos anos, a ajuda financeira dos comerciantes tratou de formar as
milícias urbanas e as primeiras infantarias. Tal medida enfraqueceu a atuação
dos cavaleiros que limitavam sua ação militar aos interesses de seu suserano. A
formação de exércitos foi um passo importante para que os limites territoriais
fossem fixados e para que fosse possível a imposição de uma autoridade de ordem
nacional.
A partir de então, o rei acumulava
poderes para instituir tributos que sustentariam o Estado e, ao mesmo tempo,
regulamentaria os impostos a serem cobrados em seu território.
Concomitantemente, as moedas ganhariam um padrão de valor, peso e medida capaz
de calcular antecipadamente os ganhos obtidos com o comércio e a cobrança de
impostos. A fixação de tais mudanças personalizou a supremacia política dos
Estados europeus na figura individual de um rei.
Além de contar com o patrocínio da
classe burguesa, a formação das monarquias absolutistas também contou com apoio
de ordem intelectual e filosófica. Os pensadores políticos da renascença
criaram importantes obras que refletiam sobre o papel a ser desempenhado pelo
rei. No campo religioso, a aprovação das autoridades religiosas se mostrava
importante para que os antigos servos agora se transformassem em súditos à
autoridade de um rei.
A origem do Estado português está
relacionada ‘a Reconquista (séc. XI ao XV), processo que ocorreu na Península
ibérica com o objetivo de expulsar os mouros (árabes) que haviam se fixado na
região, a partir do séc. VIII. Sendo assim, foi possível observar neste
processo a participação de elementos da nobreza européia, com o objetivo de
conquistarem terras.
Dois nobres franceses, Raimundo e
Henrique de Borgonha receberam como recompensa de Afonso VI, rei de Leão, as
mãos de suas filhas em casamento e uma porção de terra cada um. Henrique de
Borgonha recebe a mão da princesa D. Teresa e o Condado Portucalense. É este
território que dará origem a Portugal.
Porém, foi somente o filho de D.
Henrique de Borgonha, Afonso Henriques que, no ano de 1139 tornou o território
independente do reino de Leão, após a morte de seu avô e de uma disputa com sua
própria mãe. O confronte com as tropas de Leão e Castela ocorreram onde hoje
temos a cidade de Guimarães.
Durante a dinastia de Borgonha,
Portugal deu continuidade ‘as guerras de Reconquista, ampliando seu território.
A economia portuguesa, no final desta dinastia (séc. XIV), sofreu impulso com o
surgimento de uma nova rota comercial que ligava as cidades italianas ‘a região
da Flandres, fazendo escala em Lisboa. Isto, sem dúvida, fortaleceu o grupo
mercantil português.
Esta situação explica porque quando
ocorreu a Revolução de Avis (1383-1385), após a morte do último rei da dinastia
de Borgonha, D. Fernando, formaram-se em Portugal dois grupos: um liderado pela
burguesia portuguesa, que apoiava a ascensão do Mestre de Avis, filho bastardo
do pai de D. Fernando de Borgonha, representante dos interesses desta contra a
nobreza; e outro, liderado pela nobreza que apoiava a anexação de Portugal ao
reino de Castela, pois a filha de D. Fernando era casada com o rei de Castela.
Com a ascensão do Mestre de Avis, coroado como D. João I, temos o início da
dinastia de Avis que marcou a vitória dos interesses burgueses.
Como se pode observar a unificação do
território português deu-se paralelamente ao fortalecimento do poder real –
dinastia de Borgonha – e, a Revolução de Avis marcou o início de um período na
história portuguesa onde a burguesia terá grande influência sobre este Estado
criando as condições necessárias para a expansão marítima.
Capitulo 10
Vários fatores contribuíram para as
Grandes Navegações.
O déficit em relação ao comércio com
o Oriente
O ocidente conseguia do Oriente
açúcar, ouro, porcelanas, pedras preciosas, condimentos (pimenta, cravo), drogas
medicinais (bálsamos, ungüentos), perfumes e óleos aromáticos.
Essas mercadorias eram recolhidas no
Oriente pelos árabes e trazidas por caravanas até as cidades italianas que
serviam de intermediárias para a venda dos produtos na Europa. As monarquias
nacionais européias precisavam quebrar esse monopólio e descobrir novos meios
de contato com o Oriente.
Aliança entre burguesia e os reis
Para realizar as grandes viagens
marítimas, era preciso navios, homens e armas. Esse tipo de empreendimento só seria
possível com o apoio do Estado e o capital da burguesia. Como os reis teriam
uma participação nos lucros, eles resolveram financiar a expansão marítima.
Como conseqüência, os Estados Nacionais seriam fortalecidos facilitando a
submissão da sociedade aos reis.
Progresso técnico e cientifico
Caravela (representou um avanço para
a navegação da época), bússola, astrolábio, sextante.
EXPANSÃO ULTRAMARINA PORTUGUESA
Portugal foi o primeiro país europeu
a se aventurar pelos mares e vários foram os fatores que contribuíram para esse
fato:
Insuficiência portuguesa em metais preciosos para a cunhagem da moeda
Falta de produtos agrícolas e de mão-de-obra
Desejo de expandir a fé cristã
Necessidade de novos mercados
Outros fatores como: posição
geográfica favorável, conhecimentos náuticos, criação precoce de um estado
nacional, ajudaram Portugal a ser o primeiro país a se lançar nas Grandes
Navegações
A conquista de Ceuta foi o marco
inicial da expansão ultramarina portuguesa.
A aventura portuguesa recebeu o nome
de “Périplo Africano”, pois alcançou as Índias contornando a África no decorrer
do século XV.
À medida que descobriam novas
regiões, criavam feitorias. Nelas, ficavam alguns homens encarregados de
negociar com os nativos do local. Os portugueses queriam adquirir somente
lucros.
CRONOLOGIA
Segunda década do século XV as ilhas do Atlântico (Açores, Madeira e
Cabo Verde) foram ocupadas
1434 – os portugueses chegaram ao Cabo Bojador
1460 – nesse ano, já se realizava um lucrativo comércio de escravos (de
Senegal até Serra Leoa)
1462 – Pedro Sintra descobriu o ouro da Guiné
1481 – decretado o monopólio régio (exclusividade da coroa) sobre a
exploração colonial
1488 - Bartolomeu Dias contornou o Cabo da Boa Esperança
Entre 1497 e 1498 – Vasco da Gama chegou a Calicute, nas Índias dando
por encerrada a aventura marítima portuguesa.
EXPANSÃO ULTRAMARINA ESPANHOLA
Somente após 1 século de atraso em
comparação a Portugal é que os espanhóis começaram a sua participação nas
Grandes Navegações.
CRONOLOGIA
1492 – Colombo descobre a América
De 1492 ate 1504 – descobrimento das
Antilhas, Panamá e da América do Sul
1504 – Américo Vespúcio afirmou que
as terras descobertas por Colombo eram um novo continente.
1513 – Nunes Balboa confirmou essa
hipótese, atravessando por terra a América Central chegando ao Oceano Pacífico.
Em homenagem a Vespúcio, deu o nome de América ao novo continente.
Entre 1519 e 1522 - Fernão de
Magalhães iniciou a primeira viagem de circunavegação.
Outros países também se aventuraram
pelos mares:
FRANÇA: Começou sua expansão
ultramarina a partir de 1520. Os franceses exploraram a costa brasileira,
saquearam o pau-brasil e tentaram, sem êxito, se estabelecer no Rio de Janeiro
e no Maranhão. Também tomaram posse do Canadá e da Luisiana (sul dos EUA).
INGLATERRA: Por causa da Guerra das
Duas Rosas (1455 – 1485) a Inglaterra também começou tarde sua aventura pelos
mares.
HOLANDA: Os holandeses
estabeleceram-se na Guiana, e em algumas ilhas do Caribe e na América do Norte
onde fundaram Nova Amsterdã, que depois foi chamada de Nova Iorque. Promoveram,
também, o tráfico de escravos negros.
CONSEQUÊNCIAS DAS GRANDES NAVEGAÇÕES
Sistema colonial português
Dominação das civilizações asteca e inca pelos espanhóis
Descoberta das minas de prata de Potosi (consideradas as maiores do
mundo)
Ampliação do comércio mundial
Afluxo de metais preciosos
Preparação das revoluções Comercial e Industrial
Arquivado em: História, História da
Europa
muita coisa eu só queria saber sobre que classe social começou a declinar nos anos de 1096 e 1270
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