Escola Estadual Modelo 2018
História 7º ano C
TEXTO 1: II Parte: A Idade Média/ A Transição para o Feudalismo e o Aparecimento
do Sistema Feudais na Europa
Professor. Francisco Eudo Lima Ribeiro
No período
inicial da queda do Império Romano e da conquista dos seus territórios pelos
bárbaros deu-se um drástico declínio cultural. Não tardou que poucos vestígios
ficassem das notáveis realizações da arte e da ciência clássicas. Os bárbaros —
Germanos e Eslavos(4) — ainda viviam em primitivas comunidades patriarcais e
encaravam a guerra como meio de adquirir tudo o que não sabia ainda criar com o
seu trabalho. Pilhavam cidades e aldeias, aprisionavam cidadãos ricos e depois
pediam um grande resgate por eles ou eliminavam-nos antes de tomarem as suas
propriedades e pastagens; muitas vezes obrigavam a população local a pagar-lhes
um terço do seu rendimento. A própria Roma foi saqueada e pilhada por mais de
uma vez.
Os ofícios e o
comércio declinavam rapidamente nos territórios que tinham sido conquistados
pelos bárbaros, e os elos de ligação entre as cidades do Império Romano
(particularmente nas antigas províncias ocidentais) e outros países em breve
desapareceram. Cada nova vaga de colonos praticava uma agricultura
auto-suficiente e o Império do Ocidente, que pouco a pouco se foi desmembrando
em vários reinos bárbaros, acabou por dar origem a um grande número de unidades
baseadas numa economia natural.
Seria,
contudo, errado supor que todas estas alterações fundamentais foram vistas
pelos povos como um flagelo. O império tinha sobrecarregado os seus cidadãos de
pesados impostos, de uma opressão intolerável, de um inumerável exército de
funcionários administrativos, da obrigação de aboletar os soldados e de uma
cruel exploração por parte da nobreza local nas províncias que trabalhavam a
soldo dos romanos. A população local, muitas vezes, saudava os bárbaros como
libertadores, porque embora fossem por vezes inexoráveis e cruéis ao ajustar
contas com a nobreza local, não tocavam em geral no povo, libertavam os
escravos e aligeiravam o fardo da intolerável opressão dos funcionários
imperiais. Um romano que vivia na época da queda do império, um tal Orósio
deixou-nos o seguinte comentário acerca das invasões bárbaras:
«Depois de
pousarem as espadas, os bárbaros agarraram em arados e começaram a tratar os
sobreviventes romanos como companheiros e amigos. Entre os romanos é mesmo
possível encontrar alguns que preferem viver pobremente com os bárbaros, mas em
liberdade, do que sob o domínio romano a pagar tão pesados impostos. »
A Estrutura
Social das Tribos Celtas e Germânicas
A Norte e a
Leste do império romano, na Europa Central e Oriental viviam numerosas tribos
bárbaras. Os vizinhos mais próximos dos Romanos eram os Celtas na Europa
Ocidental e as tribos germânicas na Europa Central. As tribos celtas foram
desde logo repelidas pelas tribos germânicas. Houve alguma miscigenação entre
ambas e nos nossos dias os únicos povos celtas que existem são os Irlandeses,
os Escoceses, os Galeses e os Bretões no noroeste da França. A história
posterior das restantes tribos celtas está ligada à história dos povos
germânicos. As tribos germânicas viviam inicialmente entre Reno a oeste, e o
Oder a leste. Para leste viviam os Lituanos, os Finlandeses e numerosas tribos
eslavas que os fizeram recuar para ocidente para além do Elba, nos primeiros
séculos d.C. As tribos germânicas foram-se fixando gradualmente no Oeste, tendo
ocupado toda a Europa Ocidental e as ilhas Britânicas. Todas estas tribos eram
de tipo patriarcal primitivo e estavam divididas em grupos de clãs formados por
grandes unidades familiares.
Estas tribos
viviam em aldeias e cada aldeia estava organizada numa base comunal. A terra
arável que pertencia à aldeia era dividida entre os grupos de famílias e as
pastagens e os prados eram comuns. A maior parte da população de cada aldeia
era formada por homens livres da tribo, que gozavam todos de iguais direitos.
No entanto, em
breve surgiram diferenças de posição nas comunas bárbaras. Apareceram
aristocracias de clã e aristocracias militares. Os representantes destes grupos
tinham mais terras que os outros homens livres do clã; tinham mais gado e
ocasionalmente dispunham de escravos. Os escravos destas comunas bárbaras eram
obrigados a trabalhar a terra do seu senhor e a dar-lhe uma parte da sua
produção. Contudo, a economia das comunas bárbaras não estava organizada sobre
a escravatura. Os escravos viviam juntamente com os seus senhores, ajudavam-nos
no seu trabalho, e alguns observadores romanos admiravam-se com o tratamento
relativamente suave que eles recebiam. Tácito afirmou claramente que, no seu
tempo, o povo germânico dava terras aos seus escravos, permitia-lhes que
possuíssem as suas terras e casas e exigia deles em troca uma renda — por
outras palavras, acrescentou ele, os escravos dos bárbaros viviam como os
coloni de Roma.
O Início da
Grande Migração de Povos
A Formação de
Reinos Bárbaros
Na segunda
metade do séc. IV, os Hunos, depois de atravessarem o Volga, derrotaram as
forças aliadas chefiadas por Germanarix, e obrigaram as tribos germânicas a
deslocarem-se para Ocidente. Alguns de entre eles, os Godos ocidentais ou
Visigodos, atravessaram as fronteiras do império do Oriente (376) e
estabeleceram-se no território da actual Bulgária. Foram cruelmente explorados
pelos administradores imperiais e logo se revoltaram, tendo infligido uma
pesada derrota ao exército bizantino. Bizâncio foi, assim, obrigada a encetar
negociações com eles e tomou alguns ao seu serviço, tendo-os autorizado a
estabelecerem-se na parte ocidental do império. Uma vez aqui, os Visigodos
reuniram as suas forças sob direcção do talentoso chefe Alarico e começaram a
devastar o território adjacente antes de marcharem sobre Roma, no ano 410, e de
pilharem a cidade durante seis dias. Pouco depois, Alarico retirou-se para o
Sul da Itália, onde morreu. De acordo com um tratado concluído com Bizâncio,
foram dadas as terras entre o rio Garona e os Pirenéus aos seus descendentes.
Ali se estabeleceram e, pouco a pouco, alargaram o seu poder para o Sul, a toda
a Espanha. Desta maneira, nasceu o primeiro reino bárbaro que abrangia o
sudoeste da França e a Espanha (419).
Os Hunos,
depois de vencerem os Godos no século IV, não ficaram muito tempo nas margens
do Dniestre onde se tinham estabelecido a princípio. No século V, sob o comando
dum chefe decidido e cruel, Átila, que reuniu um grande exército de hunos e
muitas tribos germânicas, e marchou para o Ocidente. Invadiu os Balcãs em
várias ocasiões, devastando terras bizantinas e obrigando o imperador a
pagar-lhe um grande tributo em dinheiro.
A
marcha dos Hunos para a Europa Central obrigou outras tribos germânicas a
moverem-se à procura de novas terras. Obrigados pelos vândalos a deixar o Sul
da Espanha, os Godos passaram-se para o Norte de África, fundaram ali um Estado
e passaram a viver da pilhagem e da pirataria no Mediterrâneo. Em 455, tomaram
Roma e saquearam-na durante duas semanas inteiras. Os Burgúndios foram-se
fixando gradualmente em todo o vale do Ródano, e os Francos avançaram do
estuário do Reno até ao rio Schelde, de onde conseguiram conquistar todo o Norte
da Gália até ao rio Loire. Cerca do ano 449, as tribos germânicas dos Anglos,
Saxões, Jutas e Turíngios invadiram a Grã-Bretanha e estabeleceram vários
reinos bárbaros, que haviam de se unificar, formando a Inglaterra (por volta do
século IX). Entretanto, em 493, os Ostrogodos conquistaram a Itália sob o
comando do rei Teodorico.
A Leste das
tribos germânicas vivia um grande número de tribos eslavas. Dividiam-se em três
grupos principais — os Eslavos do Oeste, do Leste e do Sul. Os Eslavos do Oeste
ocupavam as bacias dos rios Vístula, Oder e Elba. As tribos checa e morávia
viviam nos troços superiores do Elba, as tribos polacas junto ao Vístula e ao
Oder, e as tribos pomerânias ao longo da costa sul do Báltico. Os Eslavos deste
período, como as tribos germânicas, viviam em comunas primitivas. As classes e
os Estados apareceram entre as tribos eslavas mais tarde do que nas tribos
germânicas.
Bizâncio do
Século IV ao Século VII d.C.
No ano de 395
(d.C.) deu-se a cisão final entre os impérios romanos do Oriente e do Ocidente,
e Bizâncio passou a ser um Estado separado. O seu nome vem da antiga colónia
grega onde fora construída a nova capital: Constantinopla. Os bizantinos
chamavam-se a si próprios «rhomaioi», e ao seu Estado «Império dos Rhomaioi». A
população de Bizâncio era extremamente heterogénea, incluindo gregos e muitas
tribos e povos helenizados do Oriente. Contudo, a língua predominante era o
grego, que no século VII se tornou língua oficial.
Bizâncio
conseguiu dominar o processo de desintegração em que entrara o império do
Ocidente como resultado do colapso da economia baseada no trabalho escravo. O
segredo da vitalidade do império Bizantino residia na sua estrutura social e
económica. Utilizava-se menos o trabalho escravo na agricultura (isto é, nas
herdades dos grandes proprietários), do que no império do Ocidente. Os escravos
há muito que tinham autorização de possuir os seus próprios instrumentos de
trabalho e mesmo pequenas parcelas de terra, sem as quais não podiam ser
vendidos. Por outras palavras, o escravo ocupava na prática a mesma posição que
o colonus.
https://www.marxists.org/portugues/manfred/historia/v01/10.htm
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