quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

História 7º ano C TEXTO 1: II Parte: A Idade Média/ A Transição para o Feudalismo e o Aparecimento do Sistema

Escola Estadual Modelo 2018 
História 7º ano C 
TEXTO 1:  II Parte: A Idade Média/  A Transição para o Feudalismo e o Aparecimento do Sistema  Feudais na Europa
Professor. Francisco Eudo Lima Ribeiro
No período inicial da queda do Império Romano e da conquista dos seus territórios pelos bárbaros deu-se um drástico declínio cultural. Não tardou que poucos vestígios ficassem das notáveis realizações da arte e da ciência clássicas. Os bárbaros — Germanos e Eslavos(4) — ainda viviam em primitivas comunidades patriarcais e encaravam a guerra como meio de adquirir tudo o que não sabia ainda criar com o seu trabalho. Pilhavam cidades e aldeias, aprisionavam cidadãos ricos e depois pediam um grande resgate por eles ou eliminavam-nos antes de tomarem as suas propriedades e pastagens; muitas vezes obrigavam a população local a pagar-lhes um terço do seu rendimento. A própria Roma foi saqueada e pilhada por mais de uma vez.
Os ofícios e o comércio declinavam rapidamente nos territórios que tinham sido conquistados pelos bárbaros, e os elos de ligação entre as cidades do Império Romano (particularmente nas antigas províncias ocidentais) e outros países em breve desapareceram. Cada nova vaga de colonos praticava uma agricultura auto-suficiente e o Império do Ocidente, que pouco a pouco se foi desmembrando em vários reinos bárbaros, acabou por dar origem a um grande número de unidades baseadas numa economia natural.
Seria, contudo, errado supor que todas estas alterações fundamentais foram vistas pelos povos como um flagelo. O império tinha sobrecarregado os seus cidadãos de pesados impostos, de uma opressão intolerável, de um inumerável exército de funcionários administrativos, da obrigação de aboletar os soldados e de uma cruel exploração por parte da nobreza local nas províncias que trabalhavam a soldo dos romanos. A população local, muitas vezes, saudava os bárbaros como libertadores, porque embora fossem por vezes inexoráveis e cruéis ao ajustar contas com a nobreza local, não tocavam em geral no povo, libertavam os escravos e aligeiravam o fardo da intolerável opressão dos funcionários imperiais. Um romano que vivia na época da queda do império, um tal Orósio deixou-nos o seguinte comentário acerca das invasões bárbaras:
«Depois de pousarem as espadas, os bárbaros agarraram em arados e começaram a tratar os sobreviventes romanos como companheiros e amigos. Entre os romanos é mesmo possível encontrar alguns que preferem viver pobremente com os bárbaros, mas em liberdade, do que sob o domínio romano a pagar tão pesados impostos. »
A Estrutura Social das Tribos Celtas e Germânicas
A Norte e a Leste do império romano, na Europa Central e Oriental viviam numerosas tribos bárbaras. Os vizinhos mais próximos dos Romanos eram os Celtas na Europa Ocidental e as tribos germânicas na Europa Central. As tribos celtas foram desde logo repelidas pelas tribos germânicas. Houve alguma miscigenação entre ambas e nos nossos dias os únicos povos celtas que existem são os Irlandeses, os Escoceses, os Galeses e os Bretões no noroeste da França. A história posterior das restantes tribos celtas está ligada à história dos povos germânicos. As tribos germânicas viviam inicialmente entre Reno a oeste, e o Oder a leste. Para leste viviam os Lituanos, os Finlandeses e numerosas tribos eslavas que os fizeram recuar para ocidente para além do Elba, nos primeiros séculos d.C. As tribos germânicas foram-se fixando gradualmente no Oeste, tendo ocupado toda a Europa Ocidental e as ilhas Britânicas. Todas estas tribos eram de tipo patriarcal primitivo e estavam divididas em grupos de clãs formados por grandes unidades familiares.
Estas tribos viviam em aldeias e cada aldeia estava organizada numa base comunal. A terra arável que pertencia à aldeia era dividida entre os grupos de famílias e as pastagens e os prados eram comuns. A maior parte da população de cada aldeia era formada por homens livres da tribo, que gozavam todos de iguais direitos.
No entanto, em breve surgiram diferenças de posição nas comunas bárbaras. Apareceram aristocracias de clã e aristocracias militares. Os representantes destes grupos tinham mais terras que os outros homens livres do clã; tinham mais gado e ocasionalmente dispunham de escravos. Os escravos destas comunas bárbaras eram obrigados a trabalhar a terra do seu senhor e a dar-lhe uma parte da sua produção. Contudo, a economia das comunas bárbaras não estava organizada sobre a escravatura. Os escravos viviam juntamente com os seus senhores, ajudavam-nos no seu trabalho, e alguns observadores romanos admiravam-se com o tratamento relativamente suave que eles recebiam. Tácito afirmou claramente que, no seu tempo, o povo germânico dava terras aos seus escravos, permitia-lhes que possuíssem as suas terras e casas e exigia deles em troca uma renda — por outras palavras, acrescentou ele, os escravos dos bárbaros viviam como os coloni de Roma.
O Início da Grande Migração de Povos
A Formação de Reinos Bárbaros
Na segunda metade do séc. IV, os Hunos, depois de atravessarem o Volga, derrotaram as forças aliadas chefiadas por Germanarix, e obrigaram as tribos germânicas a deslocarem-se para Ocidente. Alguns de entre eles, os Godos ocidentais ou Visigodos, atravessaram as fronteiras do império do Oriente (376) e estabeleceram-se no território da actual Bulgária. Foram cruelmente explorados pelos administradores imperiais e logo se revoltaram, tendo infligido uma pesada derrota ao exército bizantino. Bizâncio foi, assim, obrigada a encetar negociações com eles e tomou alguns ao seu serviço, tendo-os autorizado a estabelecerem-se na parte ocidental do império. Uma vez aqui, os Visigodos reuniram as suas forças sob direcção do talentoso chefe Alarico e começaram a devastar o território adjacente antes de marcharem sobre Roma, no ano 410, e de pilharem a cidade durante seis dias. Pouco depois, Alarico retirou-se para o Sul da Itália, onde morreu. De acordo com um tratado concluído com Bizâncio, foram dadas as terras entre o rio Garona e os Pirenéus aos seus descendentes. Ali se estabeleceram e, pouco a pouco, alargaram o seu poder para o Sul, a toda a Espanha. Desta maneira, nasceu o primeiro reino bárbaro que abrangia o sudoeste da França e a Espanha (419).
Os Hunos, depois de vencerem os Godos no século IV, não ficaram muito tempo nas margens do Dniestre onde se tinham estabelecido a princípio. No século V, sob o comando dum chefe decidido e cruel, Átila, que reuniu um grande exército de hunos e muitas tribos germânicas, e marchou para o Ocidente. Invadiu os Balcãs em várias ocasiões, devastando terras bizantinas e obrigando o imperador a pagar-lhe um grande tributo em dinheiro.
                A marcha dos Hunos para a Europa Central obrigou outras tribos germânicas a moverem-se à procura de novas terras. Obrigados pelos vândalos a deixar o Sul da Espanha, os Godos passaram-se para o Norte de África, fundaram ali um Estado e passaram a viver da pilhagem e da pirataria no Mediterrâneo. Em 455, tomaram Roma e saquearam-na durante duas semanas inteiras. Os Burgúndios foram-se fixando gradualmente em todo o vale do Ródano, e os Francos avançaram do estuário do Reno até ao rio Schelde, de onde conseguiram conquistar todo o Norte da Gália até ao rio Loire. Cerca do ano 449, as tribos germânicas dos Anglos, Saxões, Jutas e Turíngios invadiram a Grã-Bretanha e estabeleceram vários reinos bárbaros, que haviam de se unificar, formando a Inglaterra (por volta do século IX). Entretanto, em 493, os Ostrogodos conquistaram a Itália sob o comando do rei Teodorico.
A Leste das tribos germânicas vivia um grande número de tribos eslavas. Dividiam-se em três grupos principais — os Eslavos do Oeste, do Leste e do Sul. Os Eslavos do Oeste ocupavam as bacias dos rios Vístula, Oder e Elba. As tribos checa e morávia viviam nos troços superiores do Elba, as tribos polacas junto ao Vístula e ao Oder, e as tribos pomerânias ao longo da costa sul do Báltico. Os Eslavos deste período, como as tribos germânicas, viviam em comunas primitivas. As classes e os Estados apareceram entre as tribos eslavas mais tarde do que nas tribos germânicas.
Bizâncio do Século IV ao Século VII d.C.
No ano de 395 (d.C.) deu-se a cisão final entre os impérios romanos do Oriente e do Ocidente, e Bizâncio passou a ser um Estado separado. O seu nome vem da antiga colónia grega onde fora construída a nova capital: Constantinopla. Os bizantinos chamavam-se a si próprios «rhomaioi», e ao seu Estado «Império dos Rhomaioi». A população de Bizâncio era extremamente heterogénea, incluindo gregos e muitas tribos e povos helenizados do Oriente. Contudo, a língua predominante era o grego, que no século VII se tornou língua oficial.
Bizâncio conseguiu dominar o processo de desintegração em que entrara o império do Ocidente como resultado do colapso da economia baseada no trabalho escravo. O segredo da vitalidade do império Bizantino residia na sua estrutura social e económica. Utilizava-se menos o trabalho escravo na agricultura (isto é, nas herdades dos grandes proprietários), do que no império do Ocidente. Os escravos há muito que tinham autorização de possuir os seus próprios instrumentos de trabalho e mesmo pequenas parcelas de terra, sem as quais não podiam ser vendidos. Por outras palavras, o escravo ocupava na prática a mesma posição que o colonus.


https://www.marxists.org/portugues/manfred/historia/v01/10.htm

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