Escola Estadual Modelo
Professor. Francisco Eudo Lima Ribeiro
Revolução Inglesa 8° Ano 2018-
1° Bimestre
TEXTO 1
Nos
primórdios da Idade Média, a região da Bretanha foi invadida pelas tribos dos
anglos e saxões. No século XI, por volta de 1060 os normandos do norte da
França invadiram as ilhas britânicas sob a liderança do rei Guilherme, o
Conquistador. Na batalha de Hastings, ocorrida em 14 de outubro de 1066, chegou
ao fim a hegemonia dos anglo-saxões na região. No entanto, o longo período de
hegemonia bárbara favoreceu a consolidação dos poderes locais consolidados sob
a lógica feudal.
A Inglaterra teve seu
processo de centralização política iniciado a partir da Baixa Idade Média,
momento em que a Bretanha estava politicamente dividida em quatro reinos
distintos. Sob o comando do rei Henrique II, o processo de unificação
territorial foi iniciado com relativa eficácia durante o século XII. No governo
seguinte, comandado pelo rei Ricardo Coração de Leão, diversas lutas contra os
franceses e o envolvimento nas Cruzadas enfraqueceram o papel da autoridade
monárquica.
A falta de um rei
presente e os grandes custos gerados com os gastos em guerras e conflitos
motivou a classe nobiliárquica a impor um documento limitando às funções
régias. No ano de 1215, o rei João Sem Terra ficou em uma situação delicada
quando foi obrigado a assinar a Magna Carta, que impedia o rei de criar novos
impostos ou alterar leis sem a aprovação do Grande Conselho, um órgão formado
por integrantes da nobreza e do clero.
A criação do Grande
Conselho foi considerada por muitos historiadores como um elemento que impediu
a formação de um governo tipicamente absolutista na Inglaterra. Ao ingressar na
Guerra dos Cem Anos, entre os séculos XIV e XV, os exércitos e a autoridade
monárquica britânica passaram a ser prestigiadas mediante as sucessivas
vitórias obtidas nesse confronto contra os franceses. Além disso, as revoltas
camponesas do século XIV também contribuíram com o enfraquecimento das
autoridades locais.
Com o fim da Guerra dos
Cem Anos, a política inglesa ainda sofreu um sério abalo.
Anglo-saxão é a denominação dada à fusão dos povos germânicos (anglos,
saxões e jutos) que se fixaram no sul e leste da Grã-Bretanha no século V, e a
criação da nação inglesa, para a conquista normanda da Inglaterra de 1066. Em
relação aos saxões, podemos dizer que eram um antigo povo da Germânia,
habitantes da região próxima da foz do rio Álbis (atual Elba) e correspondente
à atual região de Holstein na Alemanha. O indivíduo desse povo é o saxônico,
saxônio ou saxão.
Teoria Absolutista
Durante os séculos XVI e XVII, diversos pensadores
buscaram justificar o poder absoluto dos monarcas. A principal obra de Nicolau
Maquiavel, O príncipe, escrita para responder a um questionamento a respeito da
origem e da manutenção do poder, influenciou os monarcas europeus, que a
utilizaram para a defesa do absolutismo. Maquiavel defendia o Estado como um
fim em si mesmo, afirmando que os soberanos poderiam utilizar-se de todos os
meios - considerados lícitos ou não - que garantissem a conquista e a
continuidade do seu poder. As ações do Estado são regidas, sobretudo, pela
racionalidade.
Jean Bodin, sua obra foi Os seis livros da República, associava o
Estado à própria célula familiar, colocando o poder real como ilimitado,
comparado ao chefe de família.
Jacques Bénigne Bossuet, contemporâneo de Luís XIV,
foi um dos maiores defensores do absolutismo e, simultaneamente, do
"direito divino dos reis"; em sua obra Política Segundo a Sagrada
Escritura afirmava que a Monarquia era a
origem divina, cabendo aos homens aceitar todas as decisões reais, pois
questioná-las transformá-los-ia não somente em inimigos públicos, mas também em
inimigos de Deus.
Thomas Hobbes, autor de Leviatã, proclamou que, em seu estado natural,
a vida humana era "solitária, miserável, desprezível, bestial e
breve"; buscando escapar da guerra de todos contra todos, os homens
uniram-se em torno de um contrato para formar uma sociedade civil, legando a um
soberano todos os direitos para protegê-los contra a violência. Hobbes defende
a teoria de que um rei só poderia subir ao trono pela vontade do povo e não
pela vontade divina. A Monarquia é justificada pelo consenso social.
Hugo Grócio é considerado um dos precursores do direito universal,
pois defendia que, se todos os países adotassem o absolutismo, seria possível
se estabelecer um sistema único de legislação. Sua principal obra foi 'Direito
de Paz e de Guerra'.
Revolução
Inglesa
· Antecedentes:
absolutismo monárquico das dinastias Tudor e Stuart
Durante grande parte do século XVI, a burguesia inglesa esteve bem
articulada com os nobres e os reis pertencentes à dinastia Tudor (Henrique VIII
e sua filha Elizabeth), que consolidaram a Reforma Anglicana. A reforma
religiosa de Henrique VIII proporcionou grandes benefícios financeiros tanto
para nobres quanto para burgueses da Inglaterra. Isso porque teve início o
processo de conversão da antigas terras feudais, de domínio da Igreja Católica,
em propriedades privadas, o que possibilitou a formação dos cercamentos e dos
arrendamentos que foram vendidos aos burgueses que pretendiam explorar minas de
carvão ou praticar alguma atividade agrícola.
Além disso, a ruptura com a Igreja Católica (que não era apenas uma
instituição com poder espiritual, mas detentora de um poder político continental,
ao qual boa parte das Coroas europeias estava ligada) dispensou a Inglaterra de
pagar tributos para Roma, bem como colocou a marinha inglesa em flagrante
rivalidade com os navios dos países católicos, sobretudo com os espanhóis.
Muitos piratas ingleses, conhecidos como “lobos do mar”, atacavam navios
espanhóis e levavam sua mercadoria (na maior parte das vezes, metais preciosos)
para Inglaterra, o que contribuía para o aquecimento do mercado interno do
país.
Como se vê, as principais ações políticas dos Tudor
acabaram proporcionando uma grande ascensão da burguesia, de modo que no fim do
século, na década de 1590, os burgueses já tinham grande força representativa
na chamada Câmara dos Comuns (uma das câmaras do Parlamento Inglês, que tinha
como oposição a Câmara dos Lordes, isto é, dos nobres apoiadores da Coroa). O
problema é que essa força adquirida pela burguesia estava associada ao
puritanismo (o calvinismo inglês), que era a religião que mais atraía a
burguesia e que dava suporte ideológico para o radicalismo político
antiabsolutista.
Somou-se a isso o fato de que os nobres e a Coroa
viam-se ameaçados pela capacidade da burguesia puritana de acumular riquezas.
Enquanto a renda da burguesia era oriunda do trabalho e de investimentos
financeiros, a renda dos nobres advinha de privilégios hereditários, da
cobrança de impostos e da formação de monopólios estatais ao modo
mercantilista. Os monarcas que sucederam os Tudor, isto é, os Stuart,
perceberam que, se não freassem a burguesia no campo político, a estrutura
monárquica estaria fadada à ruína.
O primeiro monarca da dinastia Stuart foi Jaime I,
que governou de 1603 a 1625. Para tentar adequar a Coroa à nova realidade
financeira da Inglaterra e controlar a ascensão da burguesia, Jaime I passou a
tomar duas medidas principais: 1) aumento de impostos e estabelecimento de
empréstimos forçados; e 2) a formação de monopólios estatais como forma de
participação nos rendimentos dos negócios burgueses. Além disso, Jaime
deflagrou uma perseguição religiosa aos puritanos. Confrontado pela Câmara dos
Comuns, dissolveu o Parlamento, que ficou inativo de 1614 a 1622.
Com a ascensão de Carlos I, filho de Jaime, ao
trono, em 1625, houve uma nova tentativa de acordo entre a Coroa e o Parlamento
para que houvesse um novo aumento de impostos. A Câmara dos Lordes ficou a
favor do rei, mas a Câmara dos Comuns novamente o confrontou. O rei decidiu
então dissolver novamente o Parlamento, que ficou inativo até 1640. Em 1640,
Carlos I entrou em um novo conflito contra a Escócia e precisou novamente do
tributo dos burgueses para bancar a guerra, convocando, assim, mais uma vez, o
Parlamento. Novamente a Câmara dos Comuns recusou-se a ajudá-lo. Mas ao
contrário do que ocorrera antes, os burgueses puritanos prepararam-se para um
enfrentamento total contra o rei e a nobreza.
Um líder radical puritano chamado Oliver Cromwell
organizou um exército burguês conhecido como exército dos “Cabeças redondas”
por se recusarem a usar as perucas dos nobres. Esse exército deflagrou guerra contra
a Coroa, que foi defendida pelos “Cavaleiros”, isto é, o exército tradicional
da nobreza. Teve assim início a Revolução Puritana, ou Guerra Civil Inglesa.
Revolução Puritana e Guerra Civil (1640-1649)
A guerra civil entre a burguesia puritana e a Coroa
ficou mais intensa quando, em 1642, Oliver Cromwell convocou a base da pequena
burguesia e de camponeses para formar o Novo Exército Modelo (New Model Army).
Nessa base, destacaram-se os Diggers e Levellers, que se caracterizaram por sua
radicalidade política em assuntos como reforma agrária (Diggers) e igualdade de
diretos entre todos os cidadãos (Levellers). Com o Novo Exército Modelo,
Cromwell conseguiu esmagar as forças da Coroa. Em 1649, a ala radical burguesa
exigiu a decapitação de Carlos I, que ocorreu no dia 31 de janeiro.
“República” de Oliver Cromwell (1649-1658)
Em 19 de maio de 1649 foi proclamada a República, e
Cromwell recebeu do Parlamento o título de Lord Protector (Lorde Protetor da
República). Muitas transformações políticas operadas por Cromwell beneficiaram
a burguesia que foi por ele liderada na Guerra Civil. Uma dessas transformações
foi possibilitada pelos chamados Atos de Navegação, aprovados em 1650, que
restringiam o transporte de produtos ingleses apenas aos navios da própria Inglaterra.
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